Resumo

A obesidade infantojuvenil é um problema vigente de saúde pública mundial, pois pesquisas apontam que pode prejudicar a saúde metabólica. No adolescente, ainda é incerto a existência da condição de obesidade metabolicamente saudável, a qual pressupõe que a boa aptidão cardiorrespiratória (APCR) atenuaria o risco cardiometabólico. O objetivo deste estudo foi analisar os parâmetros de risco metabólico, a relação da adiposidade e APCR, a flexibilidade e potência de membros inferiores em relação ao grau de obesidade e APCR. Também, o estudo identificou o componente da composição corporal que melhor se associou com a APCR. Foram avaliados 117 adolescentes púberes alocados em oito grupos, separados por sexo, presença de obesidade e nível de APCR. A obesidade foi classificada considerando o percentual de gordura (%TG) ≥30 para as meninas e ≥25 para os meninos. A APCR, determinada em teste cicloergômetro, foi considerada alta para valores ≥+0,25 Z-escore e baixa para valores ≤-0,25 Z-escore do VO2pico (mL.Kg-1MM.min-1). Como variáveis dependentes foram verificados os fatores de risco cardiometabólico: pressão arterial (sistólica e diastólica (PAS e PAD)) e no sangue: glicose (GL), insulina, colesterol total (CT), HDL, LDL e triglicerídeos (TRIG). Foram, também, realizadas medidas antropométricas, um teste de flexibilidade (banco de Wells) e um teste de potência de membros inferiores (salto em distância). Nas análises estatísticas foi utilizado um valou de p≤0,005, sendo na comparação entre sexos realizado o teste t independente ou Mann-Whitney. Para a análise entre os grupos, utilizou-se o teste ANOVA one way ou Kruskal-Wallis, com post-hoc de Bonferroni. O teste ANOVA de duas vias foi utilizado para verificar a interação e o efeito da adiposidade e APCR na relação com os parâmetros de saúde metabólica nos diferentes grupos. Como resultados, encontramos que cerca de 50% dos adolescentes apresentaram pelo menos um dos componentes da saúde metabólica alterado, independente da adiposidade e APCR. O %TG apresentou uma tendência de relação com a insulina, CT e TRIG, enquanto a APCR com a GL e PAD. A variável da composição corporal que se relacionou com a APCR foi o IMC, mostrando que uma APCR satisfatória reduz em cerca de 50% o risco de terem excesso de peso. Tanto a flexibilidade como a potência dos membros inferiores foram diferentes entre os sexos e o salto também mostrou diferença entre os valores médios dos grupos. Concluindo, o estudo indicou uma tendência de relacionar a APCR como favorável para os valores de parâmetros de risco metabólico e a obesidade permaneceu, também, como uma condição de risco relacionada à saúde de adolescentes.

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