Resumo

Os objetivos desta tese são: 1) verificar as associações entre o desempenho nos testes de velocidade, agilidade e potência de membros superiores e inferiores e indicadores de saúde óssea em crianças; 2) propor pontos de corte para o desempenho nos testes de aptidão física para a identificação do estado de saúde óssea de crianças; e 3) descrever o perfil da aptidão física relacionada à saúde da população infantil brasileira, considerando a inclusão dos testes de aptidão física e pontos de corte propostos. Para os objetivos 1 e 2 foram avaliadas as variáveis: velocidade a partir do teste de corrida de 20m, agilidade a partir do teste do quadrado de 4x4m, potência de membros superiores a partir do teste de arremesso de medicine ball e potência de membros inferiores a partir do teste de salto horizontal. As variáveis desfecho do estudo foram o conteúdo e a densidade mineral óssea de diferentes segmentos corporais, avaliados por exame de absorciometria por raios-X com dupla energia. O estudo realizado se caracterizou como transversal com método correlacional. Foi realizada uma análise secundária em um banco de dados com 160 crianças com idade entre seis e 11 anos de uma escola pública. Para as análises de associação foram utilizadas equações de regressão linear e para a proposição dos pontos de corte foram realizadas equações de curvas ROC. Para as quatro capacidades físicas testadas, sempre houve associações com pelo menos um segmento corporal, seja no conteúdo ou na densidade mineral óssea. Os resultados das associações ajustadas para o sexo, idade, maturação somática e percentual de gordura indicam uma relação linear entre a velocidade e o conteúdo e a densidade mineral óssea em todos os segmentos corporais. Houve uma relação linear da agilidade com o conteúdo mineral ósseo das pernas e a densidade mineral óssea do corpo todo e das pernas. Tanto a potência de membros superiores quanto a de membros inferiores se associaram apenas com o conteúdo mineral ósseo das pernas. Os valores de área sob a curva ROC nos testes do quadrado de 4x4m e salto horizontal não foram suficientes para a identificação dos pontos de corte. Já os testes de corrida de 20m, para a estimativa da velocidade e arremesso de medicine ball de 2kg para a estimativa de potência de membros superiores apresentaram acurácia suficiente para a identificação de pontos de corte para a triagem de crianças com maiores chances de possuir baixa densidade mineral óssea na coluna e na pelve. Para o objetivo 3 foi realizado um estudo independente a partir dos resultados encontrados na pesquisa. Um estudo de tendência da aptidão física relacionada à saúde de crianças brasileiras na última década foi realizado com o banco de dados do Projeto Esporte Brasil. Para esse estudo foram consideradas as variáveis índice de massa corporal, aptidão cardiorrespiratória, flexibilidade e força/resistência abdominal – que já faziam parte da aptidão física relacionada à saúde – além da velocidade e potência de membros superiores, que compõem a nova proposta. Os resultados desse estudo demonstram que todas as variáveis apresentaram uma tendência semelhante ao longo da década, apresentando um aumento considerável no percentual de crianças em zona de risco à saúde. A partir dos resultados apresentados, assim como de sua aplicabilidade demonstrada, proponho considerar como aptidão física relacionada à saúde de crianças, o conjunto de capacidades físicas: flexibilidade, capacidade cardiovascular, força muscular localizada, velocidade e potência muscular de membros superiores, agregadas à composição corporal ou indicadores antropométricos de estimativas de excesso de peso.

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