Resumo
Introdução: níveis adequados de aptidão física são reconhecidos por benefícios à saúde, sendo possível relacioná-los com a prevenção de várias doenças. Todavia, a associação entre aptidão física e desempenho acadêmico ainda não está estabelecida na literatura e tem sido uma preocupação atual, considerando o processo de desenvolvimento do ser humano num contexto global. Objetivo: Verificar a associação entre os componentes da aptidão física relacionada à saúde e o desempenho acadêmico em adolescentes. Métodos: estudo descritivo e transversal. A amostra foi composta por 326 adolescentes com idades entre 15 e 18 anos de uma instituição pública federal de ensino do estado de Sergipe. Os dados relativos à aptidão física (composição corporal (CC), flexibilidade (FLEX), força/resistência muscular (FRM) e resistência cardiorrespiratória (RC)) foram coletados mediante aplicação da bateria de testes da American Aliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance e os relativos ao desempenho acadêmico (notas das disciplinas que compõem as três áreas do conhecimento: linguagens e códigos (LC), ciências da natureza (CN) e ciências humanas (CH)) foram obtidos junto à coordenação de registro escolar da instituição. Recorreu-se à regressão logística binária para análise de associação entre as variáveis. Resultados: as moças apresentaram menor prevalência (p<0,05) de inaptidão na FLEX e os rapazes na FRM. Na CC e RC, não houve diferença entres os grupos (p˃0,05). Sobre o desempenho acadêmico, a prevalência de aprovação geral foi de 86,3%, sem diferença significativa (p˃0,05) entre os desempenhos dos grupos nas três áreas do conhecimento juntas e na área das CH isolada. Todavia, nas áreas das LC e CN, as moças apresentaram desempenho superior aos rapazes (p<0,05). A área das CN apresentou a maior prevalência (p<0,05) de inaptos, 24,5%, contra 12,8% das CH e 8,8% das LC. Não houve associação da CC, da Flex e da FRM com o desempenho acadêmico (p˃0,05), porém, a RC associou-se (p=0,038; OR=2,39; IC95%=1,05-5,44). Conclusão: houve associação entre a inaptidão cardiorrespiratória e o mau desempenho acadêmico de adolescentes.