Resumo

Este estudo objetivou investigar a aptidão física relacionada à saúde e hábitos de vida de escolares com e sem Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC). Participaram 108 escolares (36 meninos e 72 meninas), com média de idade 11,31 anos, matriculados em uma escola estadual de Florianópolis/SC. Os instrumentos utilizados foram a bateria motora Movement Assessment Battery for Children Second Edition - MABC-2, os testes de aptidão física relacionada à saúde do PROESP-BR e o inventário de Estilo de Vida na Infância e Adolescência – EVIA. Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva e inferencial, adotando um nível de significância de p<0,05. Na avaliação motora observou-se 73 (67,6%) escolares com “Desenvolvimento Motor Típico”, 24 (22,2%) com “Risco de TDC” e 11 (10,2%) com “Provável TDC”. Quanto aos critérios de saúde para IMC e flexibilidade, 83,3% e 75,7% dos escolares foram classificados na zona saudável, respectivamente, com tendência significativa de meninos na zona de risco no teste de flexibilidade (p=0,043). Para força/resistência abdominal houve tendência de meninos na zona de risco (p=0,004), já na avaliação da função cardiorrespiratória nenhum escolar alcançou os critérios de saúde. Ocorreu associação significativa a favor do sexo masculino nas atividades jogar videogame (p=0,001), jogar bola (p=0,001) e andar de skate (p=0,015) e a favor do feminino na atividade ir ao cinema/shopping (p=0,021). O desempenho na aptidão física dos escolares com e sem TDC evidenciou diferenças significativas entre os meninos dos grupos DMT e provável TDC no teste de função cardiorrespiratória (p=0,013), com pior desempenho sendo apresentado pelo segundo grupo, o que também foi verificado entre as meninas nos testes de flexibilidade (p=0,022) e função cardiorrespiratória (p=0,003) para os mesmos grupos. Em relação aos hábitos de vida dos escolares com e sem TDC, constatou-se uma associação significativa da atividade jogar videogame para o grupo provável TDC (p=0,002), nas demais atividades os hábitos dos escolares foram similares. Sugere-se para pesquisas futuras as avaliações de fatores que, juntamente com os apresentados neste estudo, ajudem a compreender melhor as dificuldades da coordenação motora e com base nisso construir propostas de atividades que contemplem a diminuição dos prejuízos na vida das crianças e adolescentes que apresentam dificuldades motoras. Dentre estes fatores destacam-se os níveis de atividade física, maturação sexual, observação da prática de atividade física, bem como das atividades de vida diária. Estas informações podem atuar como subsídios para ações voltadas à saúde na escola.