Resumo

Introdução: O aquecimento muscular inspiratório (AMI) parece atenuar a fadiga da musculatura respiratória e melhorar a performance durante exercício físico. Os mecanismos para tais efeitos ergogênicos causados pelo AMI são incertos; todavia, parecem incluir uma menor sensação de dispneia e uma reduzida concentração de lactato sanguíneo. Cabe notar, contudo, que estudos atuais desafiam tais achados, indicando nenhum efeito do AMI sobre parâmetros ventilatórios – e sua percepção – e metabólicos. Tais resultados contrastantes podem ser oriundos de numerosos fatores, como diferenças na carga percentual da pressão inspiratória máxima (%PIM) prescrita para o AMI. Tal especulação, entretanto, permanece incerta até o momento. Objetivo: Investigar os efeitos de diferentes cargas (%PIM) prescritas de AMI sobre a sensação de dispneia e concentração de lactato sanguíneo durante exercício físico incremental, máximo, em adultos jovens. Métodos: Participaram do estudo 9 homens, fisicamente ativos (idade média 22 ± 2,2 anos; estatura 178,0 ± 5,8 cm; peso corporal 80,9 ± 7,4 kg; V̇O2max 44,2 ± 4,2 mL.kg-¹.min-¹), aparentemente saudáveis. Cada participante visitou o laboratório em 8 ocasiões distintas, separadas por 48 horas. Na sessão 1, realizou-se um screening médico, coleta de dados antropométricos, e familiarização. Na sessão 2, determinou-se a pressão inspiratória máxima (PIM), um indicador de força muscular inspiratória. Por fim, usando um delineamento experimental crossover, randômico, e cego, testes com cargas incrementais (carga inicial 20W e incrementos 20W.min-¹), tipo rampa, até exaustão volitiva, foram realizados em ciclo ergômetro (Lode Excalibur Sport) nas sessões 3-8. Cada teste incremental foi precedido por AMI (2 séries × 30 respirações usando Powerbreathe® trainer), com cargas equivalentes a 15% (SHAM), 40%, e 60%PIM. O intervalo entre os procedimentos de AMI e o teste incremental foi ~5min. A sensação de dispneia foi examinada a cada intervalo de 3 min durante o teste, utilizando-se a escala de Borg (0-10). Medidas de lactato sanguíneo (YSI 1500) foram realizadas antes (-5 min) e após (+5 min) AMI e imediatamente após o teste incremental (+0 min). Resultados: Testes ANOVA one way com post hoc de Tukey revelaram que a sensação inicial (0,7 ± 0,3, 0,6 ± 0,2, e 0,6 ± 0,2) e final (9,0 ± 0,3, 9,2 ± 0,3, e 9,2 ± 0,3) de dispneia foram similares nas diferentes cargas prescritas de AMI (15%, 40%, e 60%, respectivamente) (P > 0,05). A sensação de dispneia global, por conseguinte, foi igualmente similar entre as diferentes condições (Δfinal vs início teste, 8,4 ± 0,4, 8,6 ± 0,3, e 8,7 ± 0,2, respectivamente para 15%, 40%, e 60%PIM) (P>0,05). As concentrações de lactato sanguíneo pós-AMI (Δpós vs pré, 0,79 ± 0,22 mmol.L-¹, 0,53 ± 0,20 mmol.L-¹, 0,59 ± 0,27 mmol.L-¹) e pós-teste (Δpós vs pré, 10,33 ± 1,65 mmol.L-¹, 9,54 ± 1,03 mmol.L-¹, 9,70 ± 1,09 mmol.L-¹), por sua vez, não diferiram entre as cargas prescritas de AMI (15%, 40%, e 60%, respectivamente) (P > 0,05). Por fim, a performance, refletida pelo tempo até a exaustão (777 ± 79 seg, 774 ± 71 seg, 775 ± 70 seg) foi igualmente similar nas diferentes cargas prescritas de AMI (15%, 40%, e 60%, respectivamente) (P > 0,05). Conclusões: Os resultados deste estudo sugerem que o AMI não melhora a performance ou atenua a sensação de dispneia e concentração de lactato sanguíneo durante exercício físico incremental, máximo, em adultos jovens saudáveis, independentemente da carga prescrita (%PIM).

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