Aquecimento Muscular Inspiratório, Sensação de Dispneia e Concentração de Lactato Sanguíneo Durante Exercício Físico Incremental em Adultos
Por Vanessa da Silva Siqueira (Autor), Debora Andreazi Falda (Autor), Juliano Moro Gabardo (Autor), Fernando Massari Mitamura (Autor), Andrea Gomes Bernardes (Autor), Priscila Chierotti (Autor), Evandro Pires Cardias (Autor), Leandro Ricardo Altimari (Autor), Cosme Franklim Buzzachera (Autor).
Em 40º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
Introdução: O aquecimento muscular inspiratório (AMI) parece atenuar a fadiga da musculatura respiratória e melhorar a performance durante exercício físico. Os mecanismos para tais efeitos ergogênicos causados pelo AMI são incertos; todavia, parecem incluir uma menor sensação de dispneia e uma reduzida concentração de lactato sanguíneo. Cabe notar, contudo, que estudos atuais desafiam tais achados, indicando nenhum efeito do AMI sobre parâmetros ventilatórios – e sua percepção – e metabólicos. Tais resultados contrastantes podem ser oriundos de numerosos fatores, como diferenças na carga percentual da pressão inspiratória máxima (%PIM) prescrita para o AMI. Tal especulação, entretanto, permanece incerta até o momento. Objetivo: Investigar os efeitos de diferentes cargas (%PIM) prescritas de AMI sobre a sensação de dispneia e concentração de lactato sanguíneo durante exercício físico incremental, máximo, em adultos jovens. Métodos: Participaram do estudo 9 homens, fisicamente ativos (idade média 22 ± 2,2 anos; estatura 178,0 ± 5,8 cm; peso corporal 80,9 ± 7,4 kg; V̇O2max 44,2 ± 4,2 mL.kg-¹.min-¹), aparentemente saudáveis. Cada participante visitou o laboratório em 8 ocasiões distintas, separadas por 48 horas. Na sessão 1, realizou-se um screening médico, coleta de dados antropométricos, e familiarização. Na sessão 2, determinou-se a pressão inspiratória máxima (PIM), um indicador de força muscular inspiratória. Por fim, usando um delineamento experimental crossover, randômico, e cego, testes com cargas incrementais (carga inicial 20W e incrementos 20W.min-¹), tipo rampa, até exaustão volitiva, foram realizados em ciclo ergômetro (Lode Excalibur Sport) nas sessões 3-8. Cada teste incremental foi precedido por AMI (2 séries × 30 respirações usando Powerbreathe® trainer), com cargas equivalentes a 15% (SHAM), 40%, e 60%PIM. O intervalo entre os procedimentos de AMI e o teste incremental foi ~5min. A sensação de dispneia foi examinada a cada intervalo de 3 min durante o teste, utilizando-se a escala de Borg (0-10). Medidas de lactato sanguíneo (YSI 1500) foram realizadas antes (-5 min) e após (+5 min) AMI e imediatamente após o teste incremental (+0 min). Resultados: Testes ANOVA one way com post hoc de Tukey revelaram que a sensação inicial (0,7 ± 0,3, 0,6 ± 0,2, e 0,6 ± 0,2) e final (9,0 ± 0,3, 9,2 ± 0,3, e 9,2 ± 0,3) de dispneia foram similares nas diferentes cargas prescritas de AMI (15%, 40%, e 60%, respectivamente) (P > 0,05). A sensação de dispneia global, por conseguinte, foi igualmente similar entre as diferentes condições (Δfinal vs início teste, 8,4 ± 0,4, 8,6 ± 0,3, e 8,7 ± 0,2, respectivamente para 15%, 40%, e 60%PIM) (P>0,05). As concentrações de lactato sanguíneo pós-AMI (Δpós vs pré, 0,79 ± 0,22 mmol.L-¹, 0,53 ± 0,20 mmol.L-¹, 0,59 ± 0,27 mmol.L-¹) e pós-teste (Δpós vs pré, 10,33 ± 1,65 mmol.L-¹, 9,54 ± 1,03 mmol.L-¹, 9,70 ± 1,09 mmol.L-¹), por sua vez, não diferiram entre as cargas prescritas de AMI (15%, 40%, e 60%, respectivamente) (P > 0,05). Por fim, a performance, refletida pelo tempo até a exaustão (777 ± 79 seg, 774 ± 71 seg, 775 ± 70 seg) foi igualmente similar nas diferentes cargas prescritas de AMI (15%, 40%, e 60%, respectivamente) (P > 0,05). Conclusões: Os resultados deste estudo sugerem que o AMI não melhora a performance ou atenua a sensação de dispneia e concentração de lactato sanguíneo durante exercício físico incremental, máximo, em adultos jovens saudáveis, independentemente da carga prescrita (%PIM).