Resumo

Introdução: A lombalgia crônica primária (LCP) representa até 90% dos casos de dor lombar. É definida como dor ou desconforto localizado abaixo da margem costal e acima das pregas glúteas inferiores, sem etiologia definida - não atribuída a patologias ou alterações estruturais. Objetivo: Caracterizar adultas sedentárias com LCP em São Luís, Maranhão. Materiais e Métodos: Critérios de inclusão: mulheres; idade entre 20 e 50 anos; LCP autorrelatada; sedentárias (sem atividade física regular por no mínimo três meses); sem neuropatias ou fibromialgia. Participaram do estudo 35 mulheres (média de idade 32,91 ±7,88 anos) com LCP, que atenderam aos critérios de inclusão. Foram realizadas as seguintes avaliações: a) dados antropométricos (balança para massa corporal e estadiômetro para estatura); b) escala visual analógica (EVA), para intensidade da dor; c) escala Tampa, para cinesiofobia; d) questionário de Roland Morris, para incapacidade funcional; e) goniometria, para flexibilidade da coluna lombar e do quadril; f) teste parada da cegonha, para equilíbrio estático. Resultados: No IMC (27,61 ± 17,35) a maior parte das voluntárias foi classificada com peso normal (n = 13), seguido por obesidade grau 1 (11), sobrepeso (8), obesidade grau 2 (2) e grau 3 (1). Na escolaridade: a maioria possuía ensino superior (13) e ensino médio completo (12), seguido de ensino superior incompleto (6), ensino médio incompleto (2) e mestrado incompleto (2). Na intensidade da dor (52,71 ±18,95 milímetros) a maior parte apresentou dor moderada (17), seguida de forte (13) e suave (5). A maior parte das mulheres (29) não apresentou incapacidade funcional (9,77 ±5,02). Na cinesiofobia (38,49 ±7,52) a maioria apresentou grau moderado (24), seguido de leve (10) e grave (1). Na ADM de coluna e quadril, todas as voluntárias estavam com as angulações da abaixo dos valores de referência: coluna; flexão (8,79 ±9,04), extensão (24,52 ±6,78.), flexão lateral para direita (25,32 ±5,51) e esquerda (24,76 ±5,01). Quadril; flexão (59,80 ±19,85), extensão (7,56 ±2,54), rotação interna (26,13 ±7,95) e externa (24,89 ±8,05). No equilíbrio estático (4,57 ±5,6 segundos) a maioria foi classificada como iniciante (17), seguida de iniciante avançado (15), intermediário (2) e avançado (1), indicando um efeito piso, pela dificuldade do teste. Foi realizada uma matriz de correlação de Spearman, pelo software JASP, entre as variáveis idade, IMC, intensidade da dor, cinesiofobia, incapacidade funcional e equilíbrio, que não apresentaram distribuição normal (Shapiro Wilk). Houve correlação significante entre cinesiofobia e incapacidade funcional (ρ = 0,60, p < 0,05) e entre o IMC e a intensidade da dor (ρ = 0,55, p < 0,05). Conclusão: A correlação significativa entre cinesiofobia e incapacidade funcional suporta parte do modelo medo-evitação, em que maior medo do movimento leva a maior incapacidade, e entre o IMC e a intensidade da dor pode ressaltar a importância da prática sistemática da atividade física para melhora da composição corporal, além de outros efeitos positivos no manejo da LCP. Adicionalmente, a ausência de correlação entre dor e cinesiofobia, bem como apenas uma pequena quantidade de mulheres com incapacidade funcional, desperta um questionamento sobre a caracterização da LCP como uma doença incapacitante.

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