Arena Corinthians: o Time do Povo e o Povão do Time
Por Vitor Hugo Haidar da Silva (Autor).
Resumo
Este artigo analisa um conflito entre torcedores organizados nos Gaviões da Fiel Torcida e a direção do S. C. Corinthians Paulista. O conflito decorre da construção de seu novo estádio de futebol, a Arena Corinthians (atual Neoquímica Arena), e os efeitos que produz no comportamento de seus torcedores. Este processo será visto a partir do ponto de vista da Linguística Aplicada Indisciplinar (MOITA-LOPES, 2006), considerando sobretudo a maneira como as identificações sociais do corintianismo (Toledo, 2013) estão em disputa, a medida que os torcedores de futebol questionam o próprio sentido do termo, constantemente enunciado no discurso oficial do clube. Para compreender este processo, a linguagem será entendida como discurso (PECHÊUX, 2008) e como performatividade (LOPES, 2010). Por vezes, apesar de se utilizarem ou reconhecerem a importância do simbólico nas análises sociais e históricas, as ciências humanas colocam em segundo plano sua materialidade, bem como não reconhecem explicitamente que é nela que os fatos sociais se objetificam. Em suma, a linguagem é entendida como arena em que os sentidos são disputados por atores sociais, que nem sempre controlam o sentido do que dizem. Analisando o contexto de enunciação e recorrendo a historicidade que os enunciados ensejam, pretende-se reconstruir a partir de uma enunciação a disputa discursiva que se dá ao redor do signo povo. Em grande medida, espera-se reforçar a necessidade de se desnaturalizar a linguagem, como forma de ampliar a capacidade de compreensão de fenômenos sociais e políticos.