Resumo

As artes marciais sempre fizeram parte da cultura e da história do homem desde o início do mundo civilizado. Elas evoluíram e se transformaram a partir das necessidades contextuais do homem, entretanto, por muito tempo serviram enfaticamente para fins militares e políticos. Com o desenvolvimento das tecnologias bélicas, em especial no fim do século XVIII e início do século XIX, as artes marciais foram perdendo a sua importância militar, ganhando outros contornos e funcionalidades. Nesse contexto, o wushu destacou-se pelas novas perspectivas de prática voltadas para a saúde, esporte e lazer. É neste cenário de modificação das antigas tradições das artes marciais que o presente estudo estabeleceu como objetivo central a identificação de como as novas funcionalidades dessas tradições possibilitam a sua prática por pessoas com diferentes e peculiares condições e quais são as possíveis modalidades a serem praticadas, vinculadas às diferentes deficiências. Para a realização desse estudo, utilizou-se como técnica a aplicação de dois questionários distintos para mapear no Brasil, o número de praticantes e a prática do wushu por pessoas com deficiência, além da realização de entrevistas com professores da modalidade, vinculados direta ou indiretamente à Confederação Brasileira de Kungfu Wushu (CBKW), indicados por esse órgão, que possuem mais de 20 anos de prática. Também foram entrevistados alguns praticantes de wushu que possuem deficiência. A partir desses dados, são apresentadas modalidades do esporte vinculadas às diferentes deficiências, no sentido de sugerir possibilidades de prática. No Brasil, foi identificada a prática de wushu por pessoas com diferentes limitações, sendo que os mais recorrentes são os que apresentam deficiência física, seguidos pelos com problemas auditivos, intelectuais e visuais. Essa prática é realizada de modo não sistemático e sem um planejamento prévio, ocorrendo a partir da procura desse público pela modalidade. A atividade física e o esporte são entendidos como foco principal da prática, entretanto, os informantes consideram que a defesa pessoal seja também uma possibilidade. Foram identificados professores de wushu com deficiência atuando no ensino dessa modalidade, lecionando para alunos com e sem deficiência. As sugestões para a prática do wushu para esse público não contemplam todas as modalidades para qualquer deficiência. Algumas são indicadas, outras sugerem restrições e necessitam de adaptações, e outras, ainda, não são indicadas. Essas sugestões estão vinculadas às diferentes e peculiares condições apresentadas pela pessoa que pretende praticar o wushu. A partir da percepção dos informantes do estudo, todas as pessoas com diferentes tipos de impedimentos podem praticar o wushu, sempre dependendo do grau da deficiência, da adaptação dos conteúdos, dos métodos de ensino, e por último, da competência do professor envolvido. 

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