“As Barbies de chuteiras”: o beijo na final da Copa do Mundo Feminina de Futebol 2023
Por Magali Cristina Rodrigues Lameira (Autor).
Em III Seminário Online do Ludopédio – Mulheres e futebol: pesquisar, trabalhar, torcer e jogar
Resumo
"O ano de 2023 foi testemunha de avanços notáveis em prol das mulheres, com a Copa do Mundo de Futebol Feminino e o sucesso do filme Barbie destacando-se como fenômenos culturais que impulsionaram a visibilidade feminina. No entanto, mesmo com iniciativas positivas, persistem desafios significativos, como o aumento nos casos de feminicídios e a falta de espaço e investimento para as mulheres no cenário esportivo, especialmente no futebol. O ensaio aborda a luta das mulheres no esporte, evidenciando a Copa do Mundo feminina como um triunfo, mas também ressaltando um incidente durante a premiação que expõe a persistência do machismo estrutural. A análise, relacionada ao mito de Sísifo, ilustra como as mulheres enfrentam obstáculos recorrentes em sua busca por visibilidade e igualdade, destacando a necessidade contínua de desafiar normas sociais. A reação da jogadora espanhola ao incidente é contextualizada pela compreensão das mulheres sobre a tragédia que faz parte de seu cotidiano, assim como no mito de Sísifo que tem como resultado em sua tentativa de enfrentar os deuses o castigo de passar o resto da vida fazendo um trabalho fadado à inutilidade e sem perspectiva de esperança. O texto destaca a importância de confrontar e discutir as pequenas violências que perpetuam estruturas desiguais, conectando os conceitos de Bourdieu sobre ""habitus"" e a reflexão de Naomi Wolf sobre a influência da sociedade em comportamentos individuais. Apesar dos desafios persistentes, o ensaio conclui que as mulheres continuam a lutar por igualdade, ocupando espaços e desafiando normas estabelecidas. O episódio na Copa do Mundo feminina serve como um lembrete da necessidade constante de questionar e transformar as estruturas sociais que perpetuam as desigualdades de gênero.