Resumo
O presente trabalho vincula-se à Linha de Pesquisa 3 - Diversidade Cultural e Educação Indígena, do Programa de Mestrado/Doutorado em Educação, da Universidade Católica Dom Bosco. Tem como objetivo o estudo das concepções sobre o corpo expressadas pelos professores de educação física em sua prática pedagógica, relacionando-as à produção das identidades dos alunos no cotidiano escolar. Os objetivos específicos são: a) Identificar as concepções dos professores de educação física sobre o corpo; b) Examinar como são produzidas essas concepções; c) Discutir a relação das concepções sobre o corpo, práticas pedagógicas e a constituição das identidades dos alunos. Tendo como referência teórica trabalhos de Michel Foucault; Jacques Derrida, Homi Bhabha, Stuart Hall, entre outros, que discutem temas como o poder, a diferença e a produção de identidades, a pesquisa, caracterizada como qualitativa, inclui a realização de entrevistas semi-estruturadas com professores de educação física de uma escola da Rede Municipal de Ensino de Campo Grande-MS. Para alcançar os objetivos, foi construído um referencial teórico, envolvendo uma possível história do corpo e da educação física enquanto componente curricular bem como as implicações desses com as identidades e as diferenças culturais. Tendo em vista as diferentes perspectivas para a educação física escolar, com seus discursos cada vez mais variados, com representações monoculturais e estereotipadas sobre o que ensinar – uma Cultura corporal o referencial levantado permitiu compreender a identidade como um processo em constantes negociações, articulações e tensões, não podendo ser por isso considerada fixa, natural ou essencial. Atualmente a partir da pesquisa foi possível considerar que as concepções de corpo reproduzidas nos discursos para a educação física escolar que tentam fixar a identidade dos estudantes a partir de uma representação do corpo como máquina biológica que caracteriza todos os sujeitos como iguais e considera as diferenças detalhes ou problemas a serem corrigidos estão sendo re-significadas pela intervenção pedagógica dos profissionais. Tal pedagogia que antes deveria ter o discurso sobre o corpo pautado nos atributos científicos da modernidade, desqualificando outros discursos a respeito do corpo, produzidos em contextos culturais distintos, considerados menores ou impróprios às escolas e que desconsiderava o corpo enquanto produto cultural e produtor de identidades agora também apresentam outras compreensões que sugerem visões plurais sobre Culturas Corporais permitindo que as diferenças sejam vistas como positivas e enriquecedoras no universo escolar. Sendo ainda necessário investir na graduação com propostas de formação para atuação em espaços e tempos interculturais.