Resumo

Nas primeiras décadas do século XX a população da cidade do Salvador vivenciou em várias localidades, mas sobretudo nos espaços em que a economia da cidade era intensa, como os bairros localizados na região central, importantes reformas urbanas como consequência de um novo regime político e, principalmente, do processo de urbanização pelo qual a cidade passava diante da tentativa de se tornar uma capital moderna e civilizada. Neste período, a elite baiana buscava uma nova configuração socioespacial que estivesse associada às referências europeias de civilidade. Desse modo, passaram a criar outros espaços, ou mesmo, ressignificando os já existentes, como os clubes sociais e, por consequência, conheceram novas práticas de divertimento que permitiriam também a vivência de novas experiências socioculturais. Sendo assim, esta nova configuração permitiu que os clubes já existentes na cidade desde o século XIX, bem como os clubes sociais que surgiram em meio ao processo de urbanização, ganhassem notoriedade como espaços de práticas socioculturais, cujas vivências iam para além das práticas esportivas existentes à época. A grande maioria destes clubes foi criada por jovens da elite urbana, que para Santos (2011) e Rocha Júnior (2019), contribuía para fortalecer práticas esportivas já existentes, ou ainda, possibilitar à elite práticas de novos esportes e outras experiências de lazer. Diante deste cenário ressalta-se que a vida social da população que habitava a capital baiana, estava representada na profusão dos clubes e outros espaços criados especialmente para a prática da dança, o que Ickes (2013) vai destacar em seu estudo como sendo este momento, um marco importante que demarca, portanto, a presença da dança nos clubes sociais como uma relevante prática cultural para o estabelecimento das relações e dos valores sociais da população baiana nas primeiras décadas do século XX. Para compreendermos esta conjuntura trilhamos o caminho da pesquisa histórica, a qual permite ampliar horizontes e legitima temáticas que, em outros momentos, eram marginalizadas. Todavia, ela também apresenta possibilidades de reflexões e delineia um campo de investigação, neste caso, sobre as práticas corporais, e em particular a dança, a qual se tornou para a população da cidade do Salvador uma importante prática de divertimento e de sociabilidade nas primeiras décadas do século XX. Diante do contexto apresentado, optamos pelo debate metodológico com base na História Cultural, cuja dança ou mesmo suas representações culturais, foram marco principal do estudo. Faz-se necessário ressaltar que o caráter documental passou a compor as fontes de informações para o estudo e desse modo foram utilizados jornais e revistas que circularam na cidade do Salvador e em todo o estado baiano, como fontes de pesquisa. Para o acesso a estas fontes o acervo da Hemeroteca Digital e do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, foram bastante explorados.

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