As estratégias da torcedora de futebol para se sentir segura no estádio

O artigo se trata de um recorte da pesquisa “Assédio no estádio de futebol: Impactos no lazer das torcedoras”. Ele tem o objetivo de evidenciar a análise realizada na pesquisa, sobretudo sobre as estratégias que as torcedoras buscam para poderem frequentar o estádio de futebol. No estudo como um todo, utilizou-se primeiramente questionários aplicados a 151 torcedoras em Belo Horizonte. Posteriormente, foram realizadas 12 entrevistas semiestruturadas com mulheres selecionadas pelo questionário, por terem afirmado que já foram vítimas de assédio no Mineirão. Por meio de categorizações e das transcrições das entrevistas, evidenciou-se que o assédio de fato acontece no Mineirão e que, para continuar frequentando, as torcedoras buscam estratégias que as façam se sentir mais seguras. Dentre elas, foi recorrente o não uso de roupas curtas ou que evidenciem a silhueta do corpo feminino, a mudança de setor e a busca por acompanhantes, principalmente do sexo masculino, durante a experiência. Constatou-se que algumas dessas estratégias possuem fundamento enquanto outras não necessariamente são eficazes.  Concluiu-se que o estádio de futebol ainda é um ambiente hostil para as mulheres. Mesmo elas resistindo, a lógica machista de que aquele lugar não as pertence perpetua e se renova, o que faz com que elas tenham que mudar seus comportamentos para terem segurança.

Referências

BANDEIRA, Gustavo Andrada. Um currículo de masculinidades nos estádios de futebol. Revista brasileira de educação, v.15, n. 44, p. 342-351, 2010.

BANDEIRA, Gustavo Andrada; SEFFNER, Fernando. Como homens narram a presença feminina nos estádios de futebol. In: SEMINÁRIO CORPO GÊNERO E SEXUALIDADE, 7, 2018. Anais... Rio Grande, RS: Universidade Federal do Rio Grande, 2018.

BONFIM, Aira Fernandes. Football feminino entre festas esportivas, circos e campos suburbanos: uma história social do futebol praticado por mulheres da introdução à proibição (1915 - 1941). 2019. 217f. Dissertação (Mestrado em História, Política e Bens Culturais). Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 2019.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

CAMPOS, Priscila Augusta Ferreira. Mulheres torcedoras do cruzeiro esporte clube presentes no Mineirão. 2010. 144f. Dissertação (Mestrado em Lazer). Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, 2010.

CAPPELLANO, Renata. O torcedor de futebol e a imprensa especializada. Juiz de Fora, MG: UFJF, 1999.

DANTAS, Marina de Mattos. ANJOS, Luiza Aguiar dos; MENDES, Bárbara Gonçalves. Torceres: pensando diferentes possibilidades de pertencimento clubístico. Licere, v. 24, n. 1, p. 477-509, 2021.

DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho.16. ed. São Paulo: LTr, 2017.

DIAS, Sandra. O assédio moral e suas novas formas. Gestae: Instituto de Pesquisa, Ensino e Saúde Mental. São Paulo, 2019. Disponível em: <http://gestae.org.br/assets/files/ASSEDIO_MORAL_E_SUAS_NOVAS_FORMAS.pdf>. Acesso em: 28 fev. 2024.

DINIZ, Maria Helena. Dicionário jurídico. São Paulo: Saraiva, 1998.

ECOTEN, Márcia Cristina Furtado; CORSETTI, Berenice. A mulher no espaço do futebol: um estudo a partir de memórias de mulheres. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL FAZENDO GÊNERO, 9. Anais... Florianópolis, SC: Universidade Federal de Santa Catarina, 2010.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1975.

FREITAS, Maria Ester de. Assédio moral e assédio sexual: faces do poder perverso nas organizações. Revista de administração de empresas, v. 41, n. 2, p. 8-19, 2001.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

GOELLNER, Silvana Vilodre. Corpos, gêneros e sexualidades: em defesa do direito das mulheres ao esporte. Revista do centro de pesquisa e formação, n. 13, p. 99-112, 2021.

LOPES, Amanda Maria Ramos. Assédio no estádio de futebol: implicações no lazer das torcedoras. 2023. 109f. Dissertação (Mestrado em Lazer). Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, 2023.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 18. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

MOMM, Sandra e colaboradores. Violência de gênero e o campo do planejamento e estudos territoriais: um retrato sobre a violência contra as mulheres no município de São Paulo durante o primeiro ano da pandemia de COVID-19. Revista brasileira de gestão urbana, v. 15, p. 1-18, 2023.

PINHEIRO, Maria Rosângela Dias; CAMINHA, Iraquitan de Oliveira. Assédio sexual em mulheres praticantes de musculação: impactos no seu cotidiano. Interface, v. 25, p. 1-18, 2021.

PESSANHA, Nathália Fernandes. Arquibancada feminina: relações de gênero e formas de ser torcedora nas arquibancadas do Rio de Janeiro. 2020. 158f. Dissertação (Mestrado em História Social). Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, 2020.

SANTOS, Fernanda Panichi. O direito e a arquibancada: o estatuto do torcedor e a insegurança jurídica da mulher enquanto torcedora. 2020. 61f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito). Universidade Federal Fluminense, Macaé, RJ, 2020.

SILVA, Mateus Alexandre. O futebol como vivência de lazer de estudantes do ensino médio em cidades pequenas do interior de Minas Gerais. 2019. 88f. Dissertação (Mestrado em Estudos do Lazer). Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, 2019.

ZANETTI, Robson. Assédio moral no trabalho. Brasília, DF: Conteúdo Jurídico, 2014.

Acessar