Resumo

O propósito do artigo é apresentar uma descrição e uma análise dos padrões associativos dos torcedores na contemporaneidade, sob a forma de observações etnográficas junto a torcidas organizadas de futebol. Para tanto, valendo-se de referencial sociológico e antropológico, a etnografia aqui apresentada compreende os espaços de socialização juvenil nos estádios, em particular nas arquibancadas do Maracanã, após a sua reinauguração em 2013. Em que pesem as polêmicas em torno da elitização das novas arenas e da suposta mudança comportamental do espectador, doravante convertido em consumidor, procura-se neste relato mostrar como o etos torcedor mantém determinadas constantes no que se refere a processos rituais, a mecanismos de sociabilidade, a vinculações territoriais e a representações simbólicas, tal como informada pela literatura, que se debruça sobre o fenômeno desde os anos 1990. Ao contrário da indistinção generalizante sustentada pelo senso-comum acerca das torcidas organizadas, o argumento central do artigo tenciona demonstrar uma série de diferenciações internas que estratificam e hierarquizam os subgrupos constitutivos desse universo, ao mesmo tempo complexo, polissêmico e desafiador ao entendimento científico. 

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