Resumo

Pretendo explorar a origem do caráter "alternativo" das iogas, mostrando de que forma as apropriações de expressões culturais e religiosas do "Oriente" feitas no Ocidente assumiram um caráter contracultural desde os finais do século XVIII. Descreverei brevemente este aspecto "alternativo", sob variadas modalidades, no Romantismo alemão, no Transcendentalismo norte-americano, na Beat Generation e na Contracultura dos anos 60, para finalmente chegar ao sentido da ioga na cena religiosa contemporânea Ocidental, em que ela se destacou pela introdução de disciplinamentos do corpo e da mente para a produção da experiência espiritual. Assim, para compreender a ioga como parte daquilo que se convencionou chamar de "cultura alternativa", hoje, é preciso percebê-la como mais do que uma mera "ginástica", conhecida sobretudo pelos bons resultados que proporciona em termos da postura física e diminuição do stress, e situá-la no quadro mais amplo de uma prática religiosa que aciona o corpo como via de acesso privilegiada para a experiência com o sagrado. É exatamente esta dimensão da corporalidade, da qual não se excluem aspectos psicológicos, que explica, por sua vez, a afinidade das iogas com as propostas presentes em grande parte dos assim chamados "novos movimentos religiosos", para os quais a associação entre as dimensões do físico, do psicológico e do espiritual parecem ser uma marca, em grande parte herdada das religiosidades orientais.

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