Resumo

Há um consenso da literatura que a mulher continua a ter sub-representação em posições de liderança, e que ainda persiste em nossa sociedade uma linguagem patriarcal, e estereótipos de gênero e de perfil profissional desejado, que impõem desafios práticos e emocionais a mulheres buscarem cargos de liderança no esporte (Evans & Pfister, 2020). A pesquisa teve como objetivo obter um panorama dos cargos de liderança ocupados por mulheres nas comissões técnicas e na gestão de Confederações Esportivas Brasileiras de modalidades coletivas olímpicas. A pesquisa possui abordagem mista, utilizando-se do método de análise documental. Foram analisadas publicações de convocações de comissões técnicas e atas de eleição disponíveis online nos sites das Confederações esportivas de modalidades olímpicas coletivas, além de consulta do site do Comitê Olímpico do Brasil. Os dados coletados referentes à ocupação dos cargos foram organizados em planilha de Excel, realizada análise de estatística descritiva, de forma a descrever e sumarizar o conjunto de dados obtidos, e análise de conteúdo (técnica de enumeração), para os dados relativos ao tipo de cargo ocupado pelas mulheres. Foram identificadas 110 posições nas comissões técnicas de todas as modalidades esportivas analisadas (equipes femininas e masculinas), destas 23 são ocupadas por mulheres (20%). As modalidades de Basquetebol, Futebol, Handebol, Polo Aquático, Rúgbi, Voleibol e Vôlei de Praia somam nas equipes femininas 43 cargos nas comissões técnicas, sendo 13 ocupados por mulheres (30%). As mesmas modalidades, em suas equipes masculinas somam 47 cargos, e desses 4 são ocupados por mulheres (8.5%), indicando que enquanto homens possuem espaço nas comissões técnicas de equipes femininas, o contrário não ocorre. De todas as modalidades analisadas, foi possível constatar que poucas mulheres ocupam cargos de maior liderança, como o de treinadora/técnica, de um modo geral, panorama semelhante ao encontrado por Ferreira et al. (2013), sendo o cargo de fisioterapeuta o mais ocupado pelas profissionais mulheres. Ao analisar a distribuição dos cargos de gestão, o panorama confirma o conceito de “teto de vidro”, que supõem que mulheres ascendem a cargos de liderança até certo ponto. Quanto aos cargos operacionais, foram identificadas 121 posições, 40 delas são ocupados por mulheres (33%). Já os cargos estatutários, das 76 posições identificadas, apenas 7 delas são ocupados por mulheres (9.2%). Foi possível traçar um panorama da participação feminina na liderança em entidades de administração do esporte e de modalidades esportivas coletivas olímpicas, evidenciando a sub-representação em posições de liderança

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