As Mulheres no Mundo Equestre: Forjando Corporalidades e Subjetividades Diferentes
Por Miriam Adelman (Autor).
Em Revista Estudos Feministas v. 19, n 3, 2011. Da página 931 a 953
Resumo
Desde o final do século XIX, as práticas esportivas se tornaram um terreno de lutas simbólicas e práticas intensas sobre definições de feminilidade, sobre “o que é uma mulher” e quais as atividades que um corpo marcado como feminino pode ou deve realizar. Durante mais de uma década, venho realizando pesquisa sobre a prática esportiva de mulheres no Brasil, com um olhar para o mundo equestre. Apresentarei um resumo dessas pesquisas que vêm focalizando diferentes grupos de amazonas: inicialmente, um grupo de amazonas de origem social de elite que se dedicam ao salto (hipismo clássico), num segundo momento, jovens de origem popular que lutam para inserir-se no meio muito masculino do turfe e, finalmente, uma nova fase de pesquisa que se abre para o mundo tradicional do “rodeio campeiro” e suas pioneiras. Através de depoimentos de mulheres e de trabalho de cunho etnográfico e interacionista, procuro entender como as práticas dessas mulheres fazem parte de processos de construção identitária particulares, como lidam com meios que continuam sendo predominantemente masculinos e desenvolvem, nesses contextos, estratégias de autoafirmação, individuais ou coletivas. Apesar das pressões normativas e dos obstáculos culturais e/ou materiais que encontram no caminho, identifico nas suas práticas e modos de ser elementos de desafio às formas mais convencionais de viver o corpo e a subjetividade.