Resumo

Este artigo desmembra-se de um projeto de pesquisa desenvolvido entre 2013 e 2015, o qual estudou as experiências de lazer de 223 mulheres rurais de seis assentamentos rurais. Analisando as atividades de lazer desse conjunto de mulheres, localizamos um grupo de 19 mulheres (8,5%) que afirmam vivenciar as atividades físico-esportivas mobilizadas a partir das simbologias do futebol e do futsal. Desse modo, questionamos: quais as condições que possibilitaram que esse grupo de mulheres rurais engendrassem em suas vidas o lazer físico-esportivo? Os dados foram produzidos mediante entrevistas semiestruturadas com as 19 mulheres e analisados por meio da estratégia da análise do discurso. Os resultados indicam algumas condições de possibilidades, tais como: que essas mulheres têm uma prática físico-esportiva de domínio básico do futebol/futsal constituída a partir do que chamamos de pontos de apoio, ou seja, as aulas de Educação Física escolar e o grupo de pares quando acampadas/assentadas. Constatamos que a infraestrutura do espaço como o do ginásio esportivo nesse assentamento é fundamental para articulação do espaço de lazer. Essas mulheres concebem o lazer como um lugar de paridade das condições enunciativas do “se ele joga, eu também jogo”.

Referências

AITCHISON, C. New cultural geographies: The spatiality of leisure, gender and sexuality, Leisure Studies, Colchester, v. 18, n. 1, p. 19-39, 1999.

AVITAL, D. Gender differences in leisure patterns at age 50 and above: micro and macro aspects. Ageing and Society, Cambridge, v. 37, n. 1, p. 139-166, 2017.

BERTOLLO, S. H. J.; SCHWENGBER, M. S. V. . III Plano Nacional de Políticas para as Mulheres: Percurso de uma pré-política de Esporte e Lazer. Movimento, v. 23, p. 783-796, 2017

CALDART, R. S. Pedagogia do Movimento Sem Terra. São Paulo: Expressão Popular, 2004.

CUNHA, Rita Dione Araújo. Os espaços públicos abertos e as leis de uso e ocupação: uma questão de qualidade para ambientes sustentáveis. Anais... apresentado no III Encontro Nacional Sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis (ENECS), 2003.

DIECKERT, Jurgen. Esporte de lazer: tarefa e chance para todos, Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1984.

DUMAZEDIER, J. Lazer e Cultura Popular. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2000.

ELIAS, N.; DUNNING, E. A busca da excitação. Lisboa: Difel, 1992.

FOLLMANN, Andressa P. As experiências corporais de um grupo de mulheres que jogam futsal no município de Ijuí- RS. Dissertação (mestrado) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Campus Ijuí). Educação nas Ciências. Ijuí, 2018

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Ed. Loyola, 2010.

FOUCAULT. M. Arqueologia do Saber. 7º edição- Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.

GAELZER, Lenea. Lazer: benção ou maldição? Porto Alegre: Sulina, 1979.

GOELLNER, Silvana Vilodre; FIGUEIRA, M. L. M. Corpo e gênero: a Revista Capricho e a produção de corpos femininos. In: Rev. Motrivivência, Florianópolis, v. XIII, n. 19, p. 13-33, 2004. Disponível em: . ‎Acesso em: 5 abr. 2017.

_______. História das mulheres no esporte: o gênero como categoria analítica. In: Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte, 15, e CONGRESSO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, 2., 2007, Recife. Anais... Recife: Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte, v. 1. p. 1-10, 2007.

GOMES, C. L.; ISAYAMA, H. F. (Orgs.). Direito social ao lazer no Brasil. Campinas, SP: Autores Associados, 2015.

HANKONEN, N. et al. What explains the socioeconomic status gap in activity? Educational differences in determinants of physical activity and screentime. BMC Public Health, London, v. 17, n. 1, p. 144-152, 2017.

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Portal Cidades. http://cidades.ibge.gov.br/xtras/home.php. Acesso em 08 de janeiro de 2017.

LARROSA-BONDÍA, J. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. Revista Brasileira de Educação, n. 19, jan./abr, p. 20-28, 2002.

MARCELLINO, Nelson Carvalho. Lazer e educação. Campinas: Papirus, 1990.

PILCHER, K. A ‘sexy space’ for women? Heterosexual women’s experiences of a male strip show venue. Leisure studies, Colchester, v. 30, n. 2, p. 217-235, 2011.

PINHEIRO, N. L. G. M. A memória do presente – entre o trabalho e o lazer – na rede social virtual Facebook de mulheres camponesas do município de Joia/RS. Dissertação (Mestrado em Educação nas Ciências) - Programa de Pós-Graduação em Educação nas Ciências, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí, 2017.

SIMÕES, Antonio Carlos. O universo das mulheres nas práticas sociais e esportivas. In: SIMÕES, Antonio Carlos; KNIJNIK, Jorge Dorfman (Orgs.). O mundo psicossocial da mulher no esporte: comportamento, gênero e desempenho. São Paulo: Aleph, 2004.

SCHWENGBER, M. S. V. Donas de si? A educação de corpos grávidos no contexto da Pais & Filhos. 2006. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.

SCHWENGBER, M. S. V. PINHEIRO, N. L.G. M. GONZÁLEZ, F. J. Mulheres rurais: o deslocamento da atenção de ocupar-se de si no tempo de lazer para cuidar do outro. Motrivivência, Florianópolis/SC, v. 30, n. 55, p. 58-74, julho/2018.

Acessar