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INTRODUÇÃO:

As ações cotidianas, das mais simples ou menos compreensíveis àquelas que se desenrolam sobre a cena pública, implicam a mediação da corporeidade. Será somente pela atividade perceptiva que o homem manifesta a cada instante e que lhe permite ver, entender, saborear, sentir, tocar e então formular significações precisas sobre o mundo que lhe cerca. Compreendemos que a Educação Física pode constituir um espaço significativo de práticas corporais que possibilitem a vivência, o conhecimento do corpo e uma reflexão sobre a própria cidade e as relações sociais e afetivas que nela se configuram. Neste trabalho pretendemos mapear as práticas corporais realizadas em áreas de lazer, parques, ginásios e outras áreas da cidade de Natal/RN, observando e analisando a relação entre aspectos da natureza e da sociedade na realização de práticas corporais; a intencionalidade dos sujeitos, entre outros aspectos ambientais e socioculturais que configuram a cultura de movimento urbana na contemporaneidade.


 METODOLOGIA:

Na descrição buscou-se compreender a experiência vivida dos sujeitos no que se refere aos sentidos pra realização de práticas corporais (saúde, estética, lazer, consciência corporal, entre outros) e as condições ambientais e sociais dessa prática (equipamentos, orientação profissional, atendimento às expectativas dos sujeitos). Os dados foram obtidos por meio de questionário dos sujeitos que participam de práticas corporais em diferentes espaços (parques, praias, praças, áreas de lazer, etc). A amostra foi composta de modo intencional, segundo critérios de tipicidade e acessibilidade, onde se buscou atingir um perfil variado dos sujeitos (segundo idades, escolarização, sexo), das atividades corporais realizadas na cidade (caminhadas, esportes, meditação, entre outras) e dos espaços urbanos utilizados (áreas de lazer, clubes, praça, parques, praias, etc). Os contextos observados compreendem dez práticas corporais realizadas em sete locais diferentes: yoga, futebol e tai-chi-chuan, no Campus universitário; caminhada e skate, na Área de Lazer da Zona Norte; caminhada, no Bosque dos Namorados; caminhada, no Calçadão da Avenida Roberto Freire; futevôlei, na Praia do Meio; surf, na Praia de Ponta Negra; e dança de salão, numa academia privada.


 RESULTADOS:

O universo estudado compõe 100 sujeitos, com idades variando entre 14 e 25 anos (36%), 26 e 33 anos (28%), 36 e 45 anos (17%), 46 e 54 anos (14%), 56 e 74 anos (5%); sendo 53% do sexo masculino e 47% do sexo feminino.

As práticas corporais são realizadas com maior freqüência de 1 a 3 vezes por semana (59%), seguido de 4 a 7 vezes por semana (35%), e 1 vez por mês (3%), e outros (6%) não indicaram a freqüência da prática. O tempo de prática varia de 1 dia a 2 semanas (6%), 1 mês a 8 meses (20%) e 1 ano a 28 anos (64%), outros (10%) não indicaram o tempo de prática.

No contexto geral, as práticas corporais tiveram como principal motivação a saúde (22%), o lazer (15%), a consciência corporal (5%), a performance (4%), a sociabilidade (4%), outras (3%); e como segunda motivação a saúde (18%), o lazer (7%), a consciência corporal (8%), a performance (3%), e outras (1%).

CONCLUSÕES:

As práticas corporais constituem-se de forma heterogênea, configurada na relação entre o sujeito e a sociedade. Na pesquisa, identificamos diferentes expressões das práticas corporais relacionadas às diversas formas pelas quais os praticantes fazem o seu uso: pela utilização moderada ou exaustiva do corpo; pelas representações de corpo relacionadas à saúde e a estética. A compreensão de saúde é associada a uma idéia de normalidade biológica e psicológica e o modelo de estética é caracterizado pela magreza, pelas formas retilíneas ou pelo corpo "vigoroso". Encontramos também sentidos relacionados à diversão e ao prazer, associados a "certa" tensão agradável e ao autocontrole emocional/mental. Há ainda sentidos relacionados à racionalização do corpo e do movimento, seja na flexibilidade e adaptação de regras ou na utilização do tempo e do espaço. Compreendemos que as práticas corporais configuram-se de forma polissêmica, contextualizada pela relação dos sujeitos praticantes e o ambiente da cidade e das práticas sociais.