Resumo
Este estudo trata de uma abordagem histórico-cultural sobre as práticas corporais e esportivas realizadas nas praças e parques públicos da cidade de Porto Alegre nas décadas de 1920 a 1940. Desde o início deste período, as praças e parques públicos se afirmaram enquanto espaços de sociabilidade e lazer dos portoalegrenses. As formas de ocupação destes espaços sociais foram sendo reformuladas em decorrência das transformações urbanas e o advento das novas práticas deflagradas pela modernidade. Nesse contexto, começaram a ser promovidas competições esportivas entre os "clubes" das praças chegando-se até os anos 1940, quando os espaços foram potencializados enquanto palco de demonstrações de Educação Física em eventos com caráter cívico. O objetivo do presente estudo é compreender como ocorreu a emergência e difusão das práticas corporais e esportivas nas praças e parques públicos de Porto Alegre nas décadas de 1920 a 1940, identificando quais as primeiras práticas introduzidas nestes espaços públicos; como foram organizadas; e que representações culturais de uma identidade nacional foram construídas. A análise documental de fontes históricas impressas revelou que a utilização das praças e parques públicos, nos mandatos dos prefeitos Otávio Rocha (1924-1928) e Alberto Bins (1928-1937), foi privilegiada no que diz respeito à promoção de práticas corporais e esportivas. Ao traçarmos o panorama das praças e parques na cidade encontramos as denominadas Praças de Desportos, que se constituíram em espaço para as práticas organizadas e dirigidas pelo Serviço de Recreação Pública (SRP) instaurado em 1926. No ano seguinte a criação da SRP evidenciou-se a existência dos clubs da praça, que tinham diretoria estabelecida e registrada, equipes federadas e participação em campeonatos municipais. Com a instauração do Estado Novo, além do controle e organização do espaço público, uma das maneiras encontradas para efetivar o projeto de sociedade controlada com a participação popular e aceitação das idéias nacionalistas, foi acionar o civismo, a educação moral e as práticas corporais e esportivas para forjar uma nova ordem social. As demonstrações de Educação Física e competições esportivas realizadas nas festas cívicas sediadas nas praças e parques públicos foram mecanismos de construção de representações culturais de uma identidade nacional.