As Provas do Corpo, os Sinais da Morte nos Séculos XVIII-XIX
Por Jorge Crespo (Autor).
Em Pró-Posições v. 14, n 2, 2003. Da página 31 a 39
Resumo
Na transição do século XVIII para o século XIX, o Estado assume a responsabilidade de dirigir o processo da morte, num contexto propício à mudança, quando exigências económicas e sociais legitimam, cada vez mais, a economia do corpo. A separação do cadáver era a questão fulcral, porque havia conhecimento de erros cometidos na delimitação da morte real, das falsas interpretações dos sinais do fim da vida. A morte aparente constituía um problema, dada a dimensão emotiva em causa, exacerbada com os relatos de falsos mortos, regressados ao mundo dos vivos, que enriqueciam o imaginário colectivo. A proliferação de teorias médicas quanto aos sinais da morte era um impedimento à solução procurada por autoridades responsáveis pela higiene e saúde públicas. No presente estudo, dá-se conta do movimento de ideias e das práticas seguidas num tempo particularmente dinâmico quanto à visibilidade dos corpos, na sequência de épocas de obscuridade, de silêncios.