Resumo

Na transição do século XVIII para o século XIX, o Estado assume a responsabilidade de dirigir o processo da morte, num contexto propício à mudança, quando exigências económicas e sociais legitimam, cada vez mais, a economia do corpo. A separação do cadáver era a questão fulcral, porque havia conhecimento de erros cometidos na delimitação da morte real, das falsas interpretações dos sinais do fim da vida. A morte aparente constituía um problema, dada a dimensão emotiva em causa, exacerbada com os relatos de falsos mortos, regressados ao mundo dos vivos, que enriqueciam o imaginário colectivo. A proliferação de teorias médicas quanto aos sinais da morte era um impedimento à solução procurada por autoridades responsáveis pela higiene e saúde públicas. No presente estudo, dá-se conta do movimento de ideias e das práticas seguidas num tempo particularmente dinâmico quanto à visibilidade dos corpos, na sequência de épocas de obscuridade, de silêncios.

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