As Representações da Mídia Impressa Sobre a Seleção Brasileira Feminina de Futebol na Década de 1990
Por Bruna Rafaela Esporta Fernandes (Autor).
Em XV Congresso de História do Esporte, Lazer e Educação Física - CHELEF
Resumo
Construir uma história do futebol feminino no Brasil a partir de um olhar direcionado à sua seleção nacional é uma tarefa provocadora em um ambiente que pouco cedeu e ainda pouco cede espaço às mulheres. Para atravessar esse percurso foi imprescindível buscar continuidades, rupturas, permissões e exclusões que as acompanharam nesse esporte. No Brasil, a prática do futebol por mulheres foi banida durante muito tempo. Contudo, elas não deixaram de realizar seus jogos dentro de algum “campo” durante esse período. Entre controvérsias, dificuldades, preconceitos e transgressões, o futebol praticado pelas mulheres ia encontrando seu espaço (GOELLNER, 2005; MOURÃO; MOREL, 2005). Instigada por uma percepção de que esse futebol foi estabelecido na maioria das vezes com olhares suspeitos e representado de maneira questionável, este trabalho passou a ser tensionado. Nessa busca, poucas obras se destinavam a tratar prioritariamente da seleção brasileira feminina de futebol e tomá-la como objeto de estudo no campo da história do esporte em território nacional. Nesse sentido, objetiva-se problematizar a relevância da mídia na construção ou reverberação de representações sobre a prática esportiva de mulheres, tendo como ponto central a observação dos noticiários que envolviam a seleção brasileira feminina de futebol na década de 1990. Metodologicamente, a perspectiva das representações da mídia impressa procedeu nesta pesquisa a partir da análise de três periódicos: O Estado de S. Paulo, o Jornal do Brasil e O Fluminense. Tomando como marco teórico o conceito de representação proposto por Chartier (2002). Segundo o autor: ainda que as representações busquem ser fundamentadas em uma razão universal, os grupos oportunamente as estabelecem conforme aquilo que é relevante para eles. Assim, se torna indispensável considerar a relação da enunciação dos discursos com a “posição de quem os utiliza” (CHARTIER, 2002). É legítimo afirmar que a década de 1990 foi impulsionadora das mais variadas representações sobre as mulheres, o futebol feminino e sua seleção nacional, ainda que estereotipadas? Pode-se dizer que sim. Afirmações e negações de certos tipos de mulheres, de feminino e masculino dentro do futebol, eram atestadas pela imprensa, reafirmadas por quem acompanhava a seleção feminina nacional, o futebol feminino, e pelas jogadoras e praticantes.