Resumo

Partimos do pressuposto de que como as repartições desiguais de papéis associadas aos rapazes e às raparigas na família moçambicana são reproduzidas ou mitigadas nas práticas desportivas de lazer. Como refere Castiano (2008), nas zonas rurais os rapazes ainda cedo são educados a ter destreza e força para poder trepar árvores para tirar frutas, poder resistir à dor; por isso, devem ser bravos e fortes. Cedo são lhes exigidos habilidades, não só cognitivas, mas também de domínio corporal, como construir uma casa, cuidar de um rebanho, correr para transmitir notícias a famílias longínquas, saber nadar, pescar e caçar. Enquanto as raparigas devem aprender a conhecer o seu corpo, a saber aguentar com prazer a dor da gravidez, a não serem preguiçosas porque devem trazer água, acordar muito cedo para varrer o quintal, cuidar dos irmãos mais novos, conter-se dos excessos que a vida dispõe. Neste sentido, procuramos caracterizar os papéis sociais que os/as alunos/as desempenham no espaço familiar (em casa) e descrever as concepções de género no desporto escolar. Para concretizar a investigação, foi utilizada uma metodologia mista e comparativa, cujo método de recolha de dados se baseou na entrevista semi-estruturada aplicado a 46 alunos/as, sendo 24 rapazes e 22 raparigas.

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