Resumo
O objetivo geral do estudo foi investigar a influência da violência no processo ensino-aprendizagem nas aulas de Educação Física escolar, tendo como locus uma das escolas que fazem parte da E/SUBE/7ªCRE da Rede Pública do Sistema Municipal de Ensino. Como desdobramentos deste objetivo geral foram alinhados os seguintes objetivos específicos: (a) verificar a percepção dos docentes sobre a influência da violência no cotidiano da escola; (b) analisar a influência da pacificação sobre o prisma violência e educação; (c) refletir a partir dos relatos de professores e diretores a incidência da violência armada; (d) descrever as ressignificações que estão a se constituir na Unidade Escolar pesquisada. Trata-se de um estudo de caso, com viés exploratório. A pesquisa é de natureza qualitativa, com aportes da etnometodologia garfinkeliana e do paradigma morelliano. O estudo utilizou três métodos de obtenção de dados, sendo o primeiro uma entrevista semiestruturada, o segundo uma análise documental e, por fim, a objetivação participante em um processo de triangulação. A pesquisa foi realizada no período compreendido entre os meses de abril e outubro de 2013, tendo como base o calendário escolar vigente e as datas pré-estabelecidas pela Secretaria Municipal de Educação (SME). Os pesquisados diretos foram: (01) professor de educação física que fez parte do período pré e pós-pacificação; (02) professores de educação física que vivenciaram apenas o período pós-pacificação; (02) diretores com período de gestão pós-pacificação, sendo um de 2010 a 2011 e outro de 2011 aos dias atuais. Os dados enfatizam que a influência da pacificação – sobre o prisma violência e educação – é mais simbólica do que concreta. Com base nos dados obtidos, conclui-se que a percepção dos docentes no que se refere à influência da violência no cotidiano da escola resume-se a vivência particular dos atores sociais. Em tese, o que queremos pontuar é que a vivência pré-UPPs – aquela cujo domínio territorial pertencia aos traficantes – faz com que esses atores visualizem a violência sob outra dimensão, diferentemente daqueles que não tiveram tal experimentação.