Resumo

Este estudo objetiva contribuir para a compreensão de duas formas básicas de locomoção em crianças, o andar e o correr, através da formulação de uma base descritiva sobre o papel de grandezas cinéticas no movimento humano. Momentos articulares resultantes têm sido considerados como as causas dos movimentos e estudando-se as causas pode-se compreender porque e como surgem movimentos coordenados e mesmo disfunções nos padrões normais. São avaliados padrões de momentos articulares resultantes no plano sagital e frontal para as articulações do joelho e tornozelo durante o andar e o correr em crianças. Na tentativa de se fazer interpretações relativas ao papel do controle das sobrecargas externas na execução de movimentos, são analisados comparativamente os dados infantis com os de um adulto, cujos momentos articulares resultantes foram calculados a partir do mesmo modelo cinético e da mesma técnica de medição. Este modelo adota a estratégia da simplificação da estrutura anatômica funcional, agrupando forças e momentos internos em torno de uma articulação para a solução do problema da indeterminância. No caso dos movimentos locomotores, as fases de apoio representam os eventos que submetem o aparelho locomotor às maiores sobrecargas, assim, este estudo analisa os momentos articulares resultantes durante as fases de apoio do andar e correr. As forças de reação do solo foram obtidas através de uma plataforma de força (KISTLER) e a posição dos segmentos corporais através de um sistema óptico-eletrônico de processamento de imagens (SELSPOT ll), ambos sincronizados a uma freqüência de amostragem de 250 Hz. Altas variabilidades nas variáveis cinéticas estão associadas a baixas variabilidades nas variações angulares. Os procedimentos de normalização dos momentos articulares resultantes também precisam ser considerados para a avaliação de dados infantis, principalmente quando se compara crianças com adultos ou mesmo indivíduos em faixas etárias diferentes, devido à sensibilidade desta grandeza biomecânica às dimensões corporais como massa e comprimento de segmento inferior. Destacam-se entre os resultados, as maiores magnitudes para os momentos articulares no plano sagital em comparação com o plano frontal. Além disso, os resultados quantitativos mostram-se semelhantes aos de estudos que empregaram modelos mais complexos para o cálculo dos momentos articulares resultantes, indicando que o modelo adotado fornece dados quantitativos confiáveis.

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