Resumo

continência e aos poucos ir reconhecendo e elaborando esses conteúdos. O que fica e o que precisa sair? O que vai para o assentamento e o que é preciso despachar para dar fluxo ao processo de criação e de autoconhecimento? Assim iniciamos e compartilhamos nossas práticas de pesquisa em artes da cena que se dão no e através do corpo. Propomos, aqui, a desmontagem do processo de disponibilização desse corpo reflexivo, no qual se elaboram os conteúdos experimentados na relação com diferentes campos de pesquisa. No caso, esses campos compreendem predominantemente saberes tradicionais afro-referenciados, como a capoeira e as religiões de matriz africana (mas não só), com os quais as pesquisadoras foram se encontrando ao longo de suas trajetórias. No momento em que novos campos de pesquisa se abriam, uma pandemia. Colapso, distância, exílio, permanência, isolamento, virtualidade, tempo, percepção, desejo, criação. Qual corpo é possível? Qual pesquisa em artes da cena é possível? E como ela pode estar em relação com o que sofre o mundo como um todo? Compartilhar esses Laboratórios como uma encruzilhada: parar, perceber, observar onde estamos e tomar o tempo para reconhecer os caminhos que se apresentam, sem precisar, ainda, escolher por qual seguir. Suspender o tempo da escolha. Desfrutar do espaço entre para revirar memórias, revisar os corpos, integrar os sentidos. Através dessa proposta, buscamos trabalhar com ferramentas conhecidas por nós (oriundas do Método Bailarino-Pesquisador-Intérprete e da Técnica Alexander) e criar dispositivos para a pesquisa em artes da cena que passem pelo autoconhecimento, pela integração dos sentidos no corpo das pesquisadoras como instância da criação e da reflexão. Dentro desse processo, a elaboração das imagens, sensações, sentimentos e movimentos é condição primordial para a criação cênica. Os conteúdos liberados ou são depositados em um lugar de afeto no espaço-corpo - assentamento, altar, tukaia, conga - ou são cuidadosamente despachados pois já cumpriram sua função. Então, como quem arruma a casa para sentar e assistir ao pôr do sol, aprontamos esse corpo para olhar o horizonte, ou além…

Acessar