Resumo
A dominância lateral para controle motor tem sido proposta ser devida a uma capacidade superior em lidar com a dinâmica do movimento com o hemisfério/lado corporal dominante. A partir desta hipótese, é esperado que o braço dominante apresente tanto trajetórias mais precisas quanto modos de coordenação mais estáveis. Além disso, tal assimetria motora deveria ser mais evidente em movimentos mais rápidos. No presente estudo foi avaliada a assimetria interlateral de desempenho na coordenação interarticular/ intramembro em movimentos realizados em diferentes frequências. Foi analisada a coordenação interarticular entre o ombro e o cotovelo do mesmo braço em uma tarefa de realizar movimentos circulares com as mãos, comparando o desempenho entre os braços dominante e não-dominante. O estudo foi realizado com 16 adultos jovens, que realizaram a tarefa em cinco frequências de movimento, variando de 40% a 100% da frequência individual máxima. Movimentos angulares das articulações foram analisados através de marcadores refletivos fixados no ombro, cotovelo e punho de ambos os braços. Os marcadores foram rastreados automaticamente por meio de um sistema optoeletrônico, com frequência de aquisição de 240 Hz, e análise em 3D. Os resultados demonstraram que o desempenho com o braço não-dominante apresentou as seguintes diferenças em comparação com o braço dominante: trajetória da mão e amplitudes angulares mais variáveis, maior participação do cotovelo, coordenação em modo antifase (braço dominante: relação de fase de aproximadamente 120º) e maior variabilidade de modo de coordenação. De forma geral, as assimetrias interlaterais foram acentuadas em frequências de movimento mais altas. Estes resultados indicam que a vantagem de desempenho com o braço dominante é devida a um modo de coordenação mais consistente e efetivo em realizar a trajetória desejada