Assistência a Eventos Desportivos e Participação Desportiva: Análise da Relação com o Bem-estar Subjetivo Entre Grupos de Nível, Homens e Mulheres
Por Alfredo Silva (Autor).
Em Revista Intercontinental de Gestão Desportiva v. 12, n 1, 2022.
Resumo
Os objetivos do trabalho foram determinar a existência de diferenças nos níveis de bem-estar subjetivo nos indivíduos com níveis distintos de participação desportiva, de frequência de assistência a eventos desportivos e entre homens e mulheres. Esta investigação foi focada no bem-estar subjetivo, uma perspetiva pertinente e significativa a partir da qual podemos compreender o bem-estar do consumidor de desporto, uma vez que o desporto pode afetar o estado psicológico por meio de experiências hedónicas (por exemplo, alegria, excitação, ansiedade), resultantes da assistência a eventos desportivos e da participação desportiva. A literatura expressa lacunas nos resultados divergentes no que respeita ao bem-estar subjetivo entre os indivíduos que não têm interesse no desporto e os espectadores e os que seguem o desporto através dos media (Inoue et al, 2017; Kim & James, 2019; Kim et al., 2017; Mutz, 2019). Por outro lado, foram verificadas inconsistência nos resultados de várias investigações relativas aos efeitos da participação desportiva sobre o bem-estar subjetivo. Foi selecionada uma amostra por conveniência de 374 indivíduos adultos. Para avaliar as questões de investigação sobre a existência de diferenças significativas foi executada uma série de testes t-Student usando os grupos de indivíduos: 1) níveis reduzidos de participação desportiva e de assistência a eventos desportivos; 2) níveis elevados de participação desportiva e de assistência a eventos desportivos, e; 3) homens e mulheres. Os resultados mostraram que os indivíduos com maior e menor frequência de assistência a eventos desportivos não manifestaram diferenças significativas nos níveis de bem-estar subjetivo, quer no grupo dos homens, quer das mulheres. Os indivíduos com maior frequência de participação desportiva manifestaram sentimentos significativamente mais elevados de bem-estar subjetivo do que os indivíduos com menor frequência de participação desportiva. Esta conclusão é muito relevante porque confirma o forte papel que a participação desportiva assume na promoção do bem-estar subjetivo dos indivíduos. As recomendações são no sentido de legitimar e apelar ao mais forte investimento dos decisores em políticas públicas de participação desportiva da população, porque mais elevados níveis de prática desportiva conduzem a níveis superiores de bem-estar subjetivo. Os investimentos públicos no acolhimento e organização de eventos desportivos, na perspetiva de estimular as assistências e a dimensão hedónica, devem ser ponderados.