Resumo

A atividade física, o comportamento sedentário e a quebra do sedentarismo são fatores modificáveis que podem contribuir para a prevenção e controle de fatores de risco à saúde, como o sobrepeso/obesidade e pressão arterial elevada. A associação destes fatores ao longo dos anos pode nortear estratégias de promoção da saúde em âmbito epidemiológico. OBJETIVOS: Descrever os padrões de atividade física, comportamento sedentário e quebra do sedentarismo em um período de dois anos e analisar sua associação ao longo do tempo com a adiposidade e pressão arterial em adultos. MÉTODOS: A amostra foi composta por 843 indivíduos na linha de base, com média de idade de 56,6 (± 18,3) anos, não institucionalizados, residentes em área urbana da cidade de Presidente Prudente-SP, selecionados em processo amostral aleatorizado. Após 2 anos de seguimento, foram reavaliados um total de 331 participantes(39.3% da amostra inicial). A atividade física, comportamento sedentário e quebras do sedentarismo foram avaliados por questionários. A adiposidade geral foi avaliada pelo índice de massa corporal, calculado por medidas objetivas de peso e estatura e a adiposidade central foi avaliada pela circunferência abdominal. A pressão arterial foi aferida por aparelho digital oscilométrico. O diagnóstico de hipertensão e o uso de medicamentos foram auto-relatados. Variáveis de sexo, idade, etnia, e condição socioeconômica foram utilizadas para descrição da amostra e ajustes das análises multivariadas. RESULTADOS: Os resultados desta Tese foram divididos em três artigos científicos, de acordo com os objetivos da pesquisa. O artigo 1 identificou que a atividade física foi mais relacionada com a adiposidade em adultos hipertensos do que não hipertensos, onde hipertensos que eram obesos foram mais propensos a serem menos ativos no lazer (OR = 2,25 [IC 95%: 1,14; 4,46]) e no total (OR = 2,46 [IC 95%: 1,22; 4,95]) quando comparados a adultos hipertensos que apresentavam peso normal. Assim como adultos hipertensos com circunferência da cintura elevada (OR = 2,34 [IC 95%: 1,28; 4,31]) e razão cintura-altura elevada (OR = 3,33 [IC 95%: 1,31; 5,01]) apresentaram maior probabilidade de serem menos ativos no total do que aqueles com valores normais. O artigo 2 observou que adultos com elevada quebra do sedentarismo no lazer no baseline e no follow-up foram 66% menos propensos a ter pressão arterial elevada do que adultos que reportaram baixa quebra do sedentarismo (Odds ratio= 0.34, p-valor= 0.011), assim como adultos que permaneceram mais ativos durante o seguimento apresentaram 59% menos chances de ter pressão arterial elevada quando comparados com adultos que foram continuamente menos ativos (Odds ratio= 0.41, p-valor= 0.016). O artigo 3 reportou que a pressão arterial sistólica foi positivamente associada com o IMC (β=0.48, p=0.013) e circunferência abdominal (β=0.21, p=0.005) no baseline e somente com a circunferência abdominal no follow-up (β= 0.20, p=0.007). A pressão arterial diastólica foi positivamente associada com o IMC (β=0.31, p=0.009) e circunferência abdominal (β=0.12, p=0.006) no baseline e no follow-up (IMC β=0.42, p=0.001; CA β=0.18, p=0.001). Porém, somente as mudanças na circunferência abdominal foram associadas com a pressão arterial sistólica no follow-up, onde cada incremento de 1 centímetro na circunferência abdominal foi associado a um aumento de 0.30 mmHg de pressão arterial sistólica (β= 0.31, p=0.015), independente da atividade física, comportamento sedentário e índice de massa corporal. CONCLUSÃO: Os achados desta pesquisa reiteram a importância da contínua promoção de hábitos de vida ativos para o controle da adiposidade e para prevenção da pressão arterial elevada. Dentre esses hábitos sugere-se o aumento e a continuidadeda atividade física e das quebras do sedentarismo no lazerpara a diminuição de fatores de riscos cardiovasculares. Esses fatores devem ser considerados como aspectos primários para promoção da saúde cardiovascular na população adulta.


 

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