Resumo

O aumento do contingente de idosos no Brasil representa um desafio em diversos âmbitos, uma vez que este público está mais suscetível a eventos negativos de saúde. Dentre as condições geriátricas específicas encontra-se a síndrome de fragilidade, que é caracterizada por déficits exacerbados em múltiplos sistemas corporais e nas reservas fisiológicas e funcionais. Considerar aspectos comportamentais e fatores biopsicossociais pode contribuir para um melhor entendimento dessa síndrome. Assim, foi realizado um estudo transversal de base populacional com os objetivos de: avaliar as associações diretas e indiretas da atividade física e do comportamento sedentário com a síndrome de fragilidade em idosos; e examinar os efeitos hipotéticos de substituição do tempo despendido em sono, comportamento sedentário e em atividade física moderada e vigorosa na síndrome de fragilidade em idosos. O estudo foi realizado com 456 idosos, com idade ≥ 60 anos, residentes na zona urbana do município de Alcobaça, Bahia, e cadastrados na Estratégia de Saúde da Família. Os idosos responderam a um questionário estruturado em forma de entrevista, e foram submetidos a avaliação antropométrica e testes de desempenho físico. A síndrome de fragilidade foi avaliada por meio do fenótipo de fragilidade, para responder ao primeiro objetivo, e pelo Study of Osteoporotic Fractures, para responder ao segundo. A atividade física e o comportamento sedentário foram avaliados pelo Questionário Internacional de Atividade Física, e o sono pelo Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh. Para as análises dos dados foram aplicadas a Análise de Trajetórias e o modelo de Substituição Isotemporal, por meio da regressão de Poisson. O modelo de análise de trajetórias indicou que a atividade física e o comportamento sedentário apresentaram somente associações indiretas com a síndrome de fragilidade. A atividade física apresentou associação com a síndrome, mediada pela sintomatologia depressiva, atividades instrumentais e básicas de vida diária, e número de medicamentos. Nas vias relacionadas ao comportamento sedentário, as associações com a síndrome de fragilidade foram mediadas pelas atividades básicas e instrumentais de vida diária, número de hospitalizações e número de medicamentos. Em relação ao modelo hipotético de substituição isotemporal, constatou-se que substituir o tempo despendido sentado ou de sono pela mesma quantidade de tempo em atividade física moderada pode acarretar na redução da síndrome de fragilidade, e quanto maior o tempo de realocação, maiores são os benefícios. Diante dos resultados apresentados, destaca-se a importância de considerar os fatores mediadores encontrados, bem como a relevância de fazer um acompanhamento dos comportamentos adotados pelos idosos ao longo do dia, para que seja possível estabelecer intervenções e recomendações relacionadas ao aumento da atividade física e redução do tempo exposto ao comportamento sedentário, a fim de obter resultados mais amplos e expressivos para melhorar a saúde de idosos frágeis ou em risco de fragilização.

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