Resumo

A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença imuno mediada, que afeta a bainha de mielina de neurônios localizados no Sistema Nervoso Central (SNC), apresentando caráter inflamatório, desmielinizante e neurodegenerativo. No Brasil, a EM afeta cerca de 8,6 pessoas a cada 100 mil habitantes. É a doença neurodegenerativa que mais afeta adultos jovens em todo o mundo, atingindo aproximadamente 2,3 milhões de pessoas em todo o mundo, tendo maior prevalência no sexo feminino. Com a progressão da doença as pessoas com EM desenvolvem déficits no equilíbrio postural, fadiga, alteração de mobilidade e de humor. A depressão clinicamente significativa afeta aproximadamente 50% dessa população. Assim, os sintomas depressivos parecem exercer efeitos diretos e indiretos em pessoas com EM podendo agravar ainda mais os déficits cognitivos e motores dessa população, para além dos déficits psicossociais. OBJETIVO: A presente tese foi elaborada a fim de avaliar a associação de variáveis de domínio psicossocial, principalmente a depressão, com variáveis predominantes de domínio físico. MÉTODOS: Realizamos 3 estudos e os apresentamos em formato de artigos científicos com diferentes objetivos a fim de compreender essas relações. O primeiro artigo é um estudo transversal que objetivou avaliar a influência dos diferentes níveis de atividade física [questionário de Baecke] no equilíbrio postural [avaliado por posturografia], de 25 mulheres com EM e, adicionalmente, avaliamos a mobilidade [T25FW e TUG], severidade e impacto da fadiga [FSS e MFIS] e funcionalidade/qualidade de vida [FAMS] dessas mulheres. O segundo artigo é um estudo longitudinal que foi realizado no período da pandemia da Covid-19. Nele foi verificado o comportamento após isolamento social, comparado com momento prévio à pandemia, da depressão pelo inventário de Beck (BECK-II), da severidade da fadiga [FSS] e seu impacto [MFIS], do equilíbrio postural [avaliado por posturografia] e do desempenho da caminhada [T25FW] de 15 mulheres com EM. O terceiro artigo é um estudo transversal que comparou 78 mulheres de 3 diferentes grupos, sendo mulheres com EM e depressão, mulheres com EM sem depressão e o grupo controle de mulheres sem EM, onde foi investigada a associação da depressão com o comportamento sedentário. Para isso avaliamos a depressão pelo inventário de Beck (BECK-II), nível de atividade física e comportamento sedentário [pelo IPAQ - Questionário internacional de atividade física]. Adicionalmente avaliamos o equilíbrio postural, desempenho da caminhada curta, severidade e impacto da fadiga. CONSIDERAÇÕES FINAIS: No primeiro artigo encontramos associação entre nível de atividade física e equilíbrio postural em mulheres com EM e incapacidade leve e moderada. Sugerindo que um aumento no nível de atividade física resulta em melhor equilíbrio postural. No segundo artigo encontramos uma melhora dos sintomas depressivos e de percepção da fadiga no retorno às atividades sociais em mulheres com EM mostrando a importância do convívio social. E finalmente, no artigo 3, encontramos forte associação entre depressão e comportamento sedentário, além também da associação da depressão com fadiga. Dessa forma, sugere-se que a presença da depressão pode impactar negativamente a percepção da fadiga e, principalmente, resultar em um maior tempo em comportamento sedentário. O tratamento da depressão em mulheres com EM deve ser multidisciplinar para sua maior efetividade. É importante o olhar para além das variáveis do domínio psicossocial.

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