Associação da substituição do tempo em comportamento sedentário por atividade física e tempo de sono com a incidência de sintomas depressivos elevados
Por Carlos Augusto Monteiro (Autor).
Em IX Congresso Brasileiro de Metabolismo, Nutrição e Exercício - CONBRAMENE
Resumo
Estudos apontam que a substituição do comportamento sedentário (CS) por outros comportamentos de movimento como atividade física e tempo de sono é associada a menor risco para o desenvolvimento de depressão. No entanto, há poucos estudos longitudinais entre adultos e estudos que analisam como a atividade física nos diferentes domínios (lazer [AFL], transporte [AFT] e ocupacional [AFO]) poderiam afetar as associações. OBJETIVO: Analisar a associação da substituição do tempo em CS por diferentes intensidades de atividade física e tempo de sono na incidência de sintomas depressivos elevados em adultos, considerando a atividade física total, assim como isolando os domínios de atividade física. MÉTODOS: Foram incluídos 12.787 adultos da coorte NutriNet Brasil, que não relataram diagnóstico médico prévio de depressão ou presença de sintomas depressivos segundo o Patient Health Questionnaire (PHQ) 2. A prática de CS e atividade física, em intensidade moderada (AFM) e vigorosa (AFV), foram avaliadas por meio do Global Physical Activity Questionnaire. Tempo de sono foi estimado por meio de perguntas sobre a hora habitual de início e final do sono. Foram considerados casos incidentes de sintomas depressivos os participantes que relataram a presença de sintomas depressivos moderados ou severos, por meio do questionário PHQ-9 nos seguimentos de 6, 12 ou 18 meses de acompanhamento. Modelos de substituição isotemporal, por meio de regressão de Cox, ajustando por variáveis de confusão foram utilizados. RESULTADOS: Substituir 1h/d de CS por tempo de sono (Hazard Ratio [HR]:0,93; IC95%:0,90-0,97) e AFV (0,82;0,70-0,97), mas não AFM (0,92;0,84-1,00) foi associado a menor risco de incidência de sintomas depressivos. Ao isolar AFL, substituir 1h/d de CS por tempo de sono (0,93;0,89-0,96), AFM (0,77;0,65-0,90) e AFV (0,72;0,61-0,86) foi associado à redução no risco de incidência de sintomas depressivos. Isolando a AFT, houve um efeito protetor ao substituir 1h/d de CS por tempo de sono (0,92;0,89-0,96) e AFM (0,84;0,71- 0,99), ao passo que ao isolar a AFO, houve um efeito protetor apenas quando o tempo de CS foi substituído por tempo de sono (0,93;0,89-0,96). CONCLUSÃO: Substituir o tempo em CS por tempo de sono, AFM ou AFV se associa à redução no risco de incidência de sintomas depressivos. No entanto, a substituição por atividade física é domínio-dependente, sendo que uma maior proteção é alcançada ao substituir o CS por AFL.