Resumo

A recuperação entre intervalos de esforços de alta intensidade está associada a alta variabilidade da frequência cardíaca (VFC) em diversas modalidades esportivas. O objetivo deste trabalho foi analisar a associação da VFC com o desempenho em um e a recuperação da FC em intervalos de recuperação durante o teste anaeróbico específico do BJJ (JJAPT). Foram avaliados 20 atletas do sexo masculino, praticantes de BJJ com idade entre 18 e 45 anos (32,6 ± 7,3 anos), altura de 1,76 ± 0,07cm, 82,6 ± 12,6kg, graduados de faixa branca a preta. Os atletas foram mantidos em repouso em posição supina por 10 minutos, e os intervalos R-R da FC foram coletados com o uso de um cardiofrequencímetro portátil. A análise da VFC foi realizada para determinação dos índices de modulação simpática e parassimpática e do balanço simpatovagal, nos domínios de tempo, frequência e não-lineares em repouso. Sete dias após os atletas foram submetidos ao teste de desempenho anaeróbico específico de Jiu-jitsu, e a FC durante o teste foi coletadas para determinação da FC de repouso, FC média, FC pico e FC de recuperação em intervalos de série. Foram avaliadas o desempenho (número de repetições) em séries, o índice de fadiga (diminuição percentual de repetições entre a série com maior e menor número de repetições) e o power drop (redução do número de repetições da primeira para a quinta série do teste). A distribuição de normalidade dos dados foi determinada com teste de Shapiro-Wilks. O teste de ANOVA de medidas repetidas e post hoc de Bonferroni foi utilizado para análise de desempenho entre as séries. A correlação entre as variáveis de desempenho e índices de VFC foi determinada por teste de correlação de postos de Spearman. A associação do desempenho com as características dos sujeitos e VFC foi determinada por Análise de Regressão linear multivariada. O nível de significância aceito foi de p<0.05. O número médio de repetições totais no JJAPT foi de 81,3 ± 7,6, sendo que o número de repetições executadas na terceira, quarta e quinta séries foi menor em relação à primeira série. A FC pico na terceira, quarta e quinta séries foi maior quando comparada à primeira série (p<0,05). A média da FC foi maior nos intervalos 3, 4 e após o teste (p<0,05). Não houve diferença no percentual de recuperação da frequência cardíaca (RFC) nos intervalos de recuperação ao longo do teste (p>0.05). Foi observada associação (r2 = 0,78) do desempenho no teste JJAPT com índice de massa corporal (IMC, p=0,01), intervalo de variação da FC (ΔFC, p=0,02), RFC nos intervalos 3 e 4 (p=0,03, p=0,009), SDNN (p=0,01), rMSSD (p=0,01), HF (p=0,03), LF (p=0,04) e SD1/SD2 (p=0,01). Foram observadas correlações moderadas entre o índice de fadiga e IMC (r=0,40, p+0,03) e ΔFC (r=0,43, p=0,03). O power drop apresentou correlação moderada com HF (r=-0,50, p=0,02). O desempenho total no teste presentou correlações moderadas com o IMC (r = -0,50, p=0,02), FC pico (r= -0,47, p=0,03), ΔFC (r = -0,49, p=0,02), FRC no intervalo 3 (r = -0,44, p=0,44) e 4 (r = 0,48, p=0,03). Os resultados sugerem que a índices de VFC (rMSSD, HF, LF e SD1/SD2) podem estar associados com adaptações fisiológicas associadas ao desempenho anaeróbio de atletas de BJJ. No entanto, a avaliação da FCpico ou ΔFC parecem ser medidas mais aplicáveis para avaliação da capacidade anaeróbia.


 

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