Associação da Variabilidade da Frequência Cardíaca em Diferentes Posturas com a Recuperação da Frequência Cardíaca de Mulheres Trabalhadoras
Por Lais Tonello (Autor), André Ricarte Costa de Araújo Medeiros (Autor), Arilson F. Mendonça de Sousa (Autor), Daniel A. Boullosa (Autor).
Em 40º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
Introdução: A recuperação da frequência cardíaca (RFC) é uma valiosa ferramenta para avaliação dos ajustes hemodinâmicos após um agente estressor (exercício), de modo que nos primeiros minutos após o esforço físico, os ajustes estão mais relacionados à reativação parassimpática, enquanto os minutos finais da recuperação estão mais associados à redução da influência da atividade simpática. A variabilidade da frequência cardíaca (VFC) é um instrumento simples e não invasivo para avaliação do controle autonômico cardíaco, que pode ser registrada no repouso em diferentes posturas (deitado, sentado, em pé), apresentando diferentes associações com as funções autonômicas a depender da condição de registro. Ambas as medidas (RFC e VFC) têm sido amplamente utilizadas como indicadores independentes de risco cardiovascular e de morte em diferentes populações. Porém, as associações entre esses indicadores distintos ainda não foram esclarecidas, e mais especificamente em mulheres. Objetivo: Analisar a associação entre RFC e VFC em diferentes posturas, em uma amostra de mulheres. Materiais e métodos: Participaram do estudo 21 mulheres com 34 ± 6 anos, percentual de gordura (%G) de 26,97 ± 4,88, índice de massa corporal (IMC) de 36,29 ± 5,49 kg/m2, e consumo máximo de oxigênio (VO2max) de 24,58 ± 5,32 ml·kg-1·min-1. Durante 4 dias consecutivos foram realizados registros da VFC e da RFC através de um monitor cardíaco (RS800CX, Polar Electro Oy, Finlândia), posteriormente filtrados pelo software do monitor (Polar ProTrainer®, versão 5.0, Finlândia), e analisadas através de software específico (Kubios HRV®, versão 2.0, Finlândia). Os registros da VFC foram realizados durante teste ortostático de sete minutos (três minutos sentadas seguidos de quatro minutos em pé); para analise foram descartados os dados do primeiro minuto sentado e dos dois primeiros minutos em pé. Em seguida as voluntárias realizaram exercício submáximo em cicloergômetro durante 6 minutos, pedalando em ritmo constante a aproximadamente 60 rpm, com ajustes na carga durante os três primeiros minutos até que fosse observada estabilidade na FC (~86% FCmáx) por 3 minutos. Ao final do exercício, as voluntárias permaneceram sentadas na bicicleta para registro da RFC durante 5 minutos. Foram aferidas variáveis de modulação vagal (RMSSD e SD1) em cada posição durante o teste ortoestático, e posteriormente feita a média dos 4 dias. Também foram analisados os deltas da RFC nos minutos um (Δ1), dois (Δ2), três (Δ3) e cinco (Δ5), e realizada a média dos quatro dias. Com a utilização das médias e desvio padrão, foi calculado o coeficiente de variação (CV) dos quatro dias tanto da RFC como da VFC. Os dados foram analisados através do software estatístico (SPSS, versão 17, USA). Após verificação da normalidade (Shapiro-Wilk), foi aplicada correlação de Pearson para verificação das associações entre as variáveis estudas. Além disso, foi testada a homoscedasticidade das correlações para identificar possíveis correlações espúrias com os testes de Breusch-Pagan e Abridged White’s. O nível de significância adotado para as análises estatísticas foi de p≤0,05. Resultados: Foram observadas correlações moderadas entre Δ1 medidas de modulação vagal em posição em pé, e CV da RFC. Porém, estas associações não foram verificadas na posição sentada. Os principais resultados estão apresentados na Tabela 1. Conclusões: As correlações significativas entre RFC (Δ1) e VFC em pé (RMSSD e SD1) podem indicar uma importante associação entre influência parassimpática na atividade cardíaca durante o repouso e reativação parassimpática pós exercício, enquanto as correlações negativas entre RFC (Δ1) e variação dia-a-dia da RFC (CVs de Δ2, Δ3 e Δ5) poderiam indicar uma associação entre reativação parassimpática pós exercício e responsividade autonômica dia-a-dia de mulheres. O primeiro minuto da recuperação da frequência cardíaca pós-exercício submáximo pode representar uma ferramenta simples e eficiente na avaliação da função autonômica parassimpática e da capacidade adaptativa de mulheres trabalhadoras.