Resumo
A saúde do trabalhador é um campo importante que vem ganhando destaque na última década. A globalização e o crescimento econômico culminaram em mudanças nas condições laborais, como aumento da carga horária, acúmulo de funções e cobranças por produtividade, considerados desgastantes e aceleradores do processo de adoecimento do trabalhador. A enfermagem tem número expressivo de profissionais no âmbito nacional, totalizando 1.922.316, considerada uma profissão estressante e desgastante, podendo levar ao adoecimento do profissional, justificando assim estudos sobre tal categoria profissional. Assim, o objetivo do estudo foi descrever o perfil sociodemográfico dos profissionais de enfermagem de um hospital público e a presença de sintomas osteomusculares (artigo 1), além de avaliar a associação entre o nível de atividade física, os sintomas osteomusculares e a capacidade para o trabalho desses profissionais (artigo 2). Participaram do estudo 37 profissionais de enfermagem, atuantes nas clínicas médica e cirúrgica de um hospital público, de ambos os sexos, com idade média de 31,9±7,9 anos, trabalhando em período matutino (56,7%), mulheres (73%), em união estável (51,3%), brancos (54%), católicos (35,1%) e com escolaridade a nível técnico (56,7%). Os profissionais foram avaliados através do Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO), Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT) e International Physical Activity Questionnaire (IPAQ). Os sintomas osteomusculares estiveram presentes em 97,3% e 67,5% dos profissionais no período dos últimos 12 meses e dos últimos sete dias, respectivamente. As regiões de maior acometimento foram à parte inferior das costas e a parte superior das costas. A capacidade para o trabalho encontrada demonstra bons índices, com escore total médio de 39±5,7 pontos. O nível de atividade física avaliado foi correspondente à média de 1.295,2±1.382,4 minutos semanais, classificados, assim, como ativos. Não foram encontradas correlações entre o nível de atividade física e a capacidade para o trabalho (r=0,03 e p=0,08) e a intensidade dos sintomas osteomusculares (r=0,1 e p=0,39). Concluiu-se que a prevalência de sintomas osteomusculares em profissionais de enfermagem de um hospital público é alta, que os mesmos apresentam boa capacidade para o trabalho e são ativos. Destaca-se a necessidade de políticas públicas de saúde para prevenção e promoção de saúde desses profissionais, buscando sua maior valorização e, consequentemente, melhoria do atendimento prestado ao usuário.