Resumo

Introdução: Os tratamentos para combate ao câncer (CA) de mama repercutem negativamente em aspectos físicos e mentais em sobreviventes desse tipo de neoplasia. A depressão tem sido associada à pior qualidade de vida (QV) dessa população. A prática de atividade física (AF) é considerada medida protetora de recidiva de CA e pode promover benefícios na QV e saúde mental. No entanto, não está claro se diferentes domínios de AF (ocupacional, prática de exercícios/esportes, lazer/deslocamento) estão relacionados ao bem-estar mental e à QV de sobreviventes de CA de mama. Além disso, ainda é inconclusivo se a prática destes domínios de AF pode influenciar na depressão (persistente por 12 meses) dessa população. Objetivos: i) Verificar a relação entre os diferentes domínios de AF (ocupacional, prática de exercícios/esportes, lazer/deslocamento) com sintomas de ansiedade e depressão em sobreviventes de CA de mama; ii) Investigar a relação dos diferentes domínios de AF com domínios de QV dessa população; iii) comparar os domínios de QV de sobreviventes de CA de mama sem sintomas depressivos e com sintomas persistentes de depressão (ao longo de 12 meses) e verificar se a prática de AF é capaz de influenciar nesses domínios. Métodos: Três artigos científicos foram confeccionados para responder aos objetivos, sendo dois de delineamento transversal e um artigo longitudinal. A classificação de ansiedade e depressão foi realizada por meio da Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (Hospital Anxiety and Depression Scale — HADS), o nível de AF foi obtido por meio do questionário Baecke. Para verificar a QV utilizou-se o questionário Study’s Short Form-36 (SF-36) e a classe socioeconômica por meio do questionário da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP). Resultados: No objetivo um foi verificada relação positiva da AF ocupacional com o escore de ansiedade (β= 1,44 [IC95%: 0,11; 2,76]), enquanto que, a AF de lazer/deslocamento foi negativamente relacionada ao escore de depressão (β= -0,99 [IC95%: -1,64; - 0,34]). A prática de exercícios/esportes não apresentou correlação com ansiedade e depressão em sobreviventes de CA de mama. No objetivo dois, considerando a QV, verificou-se relação negativa de AF ocupacional com limitações físicas [β = -15,36 (-29,04; 1,68)] e dor [β = - 6,61 (-14,53; 1,31)]. Foi verificada relação positiva da prática de exercícios/esportes com capacidade funcional [β = 4,24 (0,60; 7,88)], bem como, da AF de lazer/deslocamento com capacidade funcional [β = 7,17 (3,09; 11,26)], vitalidade [β = 4,30 (0,39; 8,22)], aspectos sociais [β = 5,47 (0,80; 14 10,15)] e saúde mental [β = 4,08 (0,40; 7,75)]. Além disso, no objetivo três verificou-se diferença significativa entre todos os domínios de QV de sobreviventes de CA de mama não depressivas e depressivas. Ao inserir a AF, somente o domínio de capacidade funcional não apresentou diferença entre a população com e sem sintomas de depressão (p=0,054). Conclusão: Esses achados evidenciam a importância da prática de atividades no tempo livre como de exercícios/esportes, bem como, de AF de lazer/deslocamento para a saúde mental e QV de sobreviventes de CA de mama. Em contrapartida, a AF ocupacional parece não influenciar positivamente em aspectos da QV dessa população.

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