Resumo

O uso de dispositivos com telas é crescente entre crianças em idade escolar no Brasil. Esse cenário tem levantado questões sobre possíveis impactos no desenvolvimento de habilidades cognitivas, fundamentais nos primeiros anos da escolarização. OBJETIVO: Verificar a associação da exposição a tela com a habilidade de raciocínio espacial em escolares do primeiro ano do ensino fundamental. MÉTODOS: Estudo transversal utilizando dados de linha de base do Projeto Erguer coletados em 2022, envolvendo 162 crianças (6,4 ± 0,8 anos; 54,3% meninas) matriculadas no primeiro ano do ensino fundamental de seis escolas da rede municipal de Aracaju/SE. A exposição a telas foi avaliada por autorrelato via questionário eletrônico Web-CAAFE, considerando a soma do número de usos de diferentes dispositivos (TV, celular, computador, videogame) nos três períodos do dia anterior (manhã, tarde e noite). O desempenho em raciocínio espacial foi mensurado por um teste computadorizado de rotação mental, com indicadores de tempo de reação e número de acertos. Foram utilizados modelos lineares generalizados mistos, ajustados por idade e sexo. Todas as análises foram realizadas no R Studio, adotando nível de significância de 5%. RESULTADOS: Observou-se que a maior exposição a telas esteve associada a maior tempo de reação no teste de rotação mental (expβ=1,054; p=0,041). Para cada incremento no uso de dispositivos com tela, observou-se um aumento médio de 5,4% no tempo de resposta. Não foi identificada associação estatisticamente significante entre a exposição a telas e o número de acertos no teste (expβ=0,984; p=0,384). CONCLUSÃO: Maior exposição a telas associou-se a tempos de reação elevados no teste de rotação mental, indicando possível comprometimento no raciocínio espacial em escolares.

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