Associação entre atividade física, tempo sedentário e sarcopenia em pacientes com câncer
Por Mauricio Rodrigues Lopes (Autor), Lucas Polli Da Palma (Autor), Diogo Alexandre Estigarribia Prianti (Autor), Rejane Caetani (Autor), Paola Sanches Cella (Autor), Rafael Deminice (Autor).
Em 47º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
A sarcopenia é uma das complicações mais importantes no desenvolvimento e tratamento do câncer, pois está associada à redução da função física, prognósticos desfavoráveis da doença, maiores taxas de mortalidade e aumento nos custos de tratamento em diversos tipos de câncer. Como não existem tratamentos ou medicamentos para a sarcopenia, a prática de atividade física (AF) pode mitigar a perda de força e de massa muscular, características principais da sarcopenia. Objetivo. Este estudo investigou as associações entre a AF e a sarcopenia em pacientes com câncer. Métodos. Este estudo transversal, estudou pacientes com câncer (47% câncer de mama, 16% bexiga, 9% próstata, 9% rim, 19% outros), sendo 64% mulheres com idade média de 57±10,4 anos (n = 179). Os desfechos incluíram: (i) pré-sarcopenia, de acordo com a definição do Grupo de Trabalho Europeu sobre Sarcopenia (Cruz-Jentoft et al., 2019), definida como baixa força muscular (teste de levantar e sentar > 15 segundos); (ii) sarcopenia, baixa força muscular acompanhada de baixa massa muscular (massa muscular apendicular < 5 kg/m2 para mulheres e < 7 kg/m2 para homens). As variáveis independentes incluíram o tempo semanal gasto em AF de intensidades moderada e vigorosa, medido pelo Questionário Internacional de AF (IPAQ), desempenho físico (SPPB) e dados sociais (idade, tabagismo, consumo de álcool e nível de escolaridade). A análise de regressão logística multivariada foi utilizada para análises transversais relacionando sarcopenia e variáveis independentes (Jamovi Software). Resultados. No total, 29,1% (n = 52) dos pacientes apresentaram algum nível de sarcopenia. Esses praticavam significativamente (p<0,05) 30% menos minutos de AF por semana (174,4±294,5 vs 127±157,9 minutos) e 56% menos AF vigorosa por semana em comparação com pacientes não sarcopênicos (11,6±40,4 vs 5,1±17,1 minutos. Além disso, eles passaram significativamente (p<0,05) 33% mais tempo em atividades sedentárias em comparação com pacientes não sarcopênicos (287,5±194,7 vs 382,1±199,7 minutos). A análise de regressão logística multivariada mostrou que idade avançada (OR = 1,03 [1,01-1,02], p < 0,05) e menor desempenho físico (OR = 1,33 [1,14-1,56], p < 0,05) estavam associados a uma maior probabilidade de sarcopenia. Atingir a recomendação de 150 minutos de AF por semana estava associada a uma menor probabilidade de sarcopenia (OR = 0,65 [0,21-0,94], p < 0,05). Conclusão. Atingir a recomendação de 150 minutos de AF por semana pode proteger contra a sarcopenia em pacientes com câncer.