Resumo

A solidão, atualmente reconhecida como um problema de saúde pública, está associada a diversos desfechos negativos de saúde. Embora existam evidências de que o comportamento sedentário (CS) e atividade física (AF) possam estar associados à percepção de solidão (PS), poucos estudos têm analisado essa associação utilizando medidas objetivas destes comportamentos. OBJETIVO: Testar a associação entre CS, AF de intensidade leve (AFL) e moderada a vigorosa (AFMV), avaliada por acelerômetro, e a PS entre idosos. MÉTODOS: Estudo transversal, de base domiciliar, com idosos (≥60 anos) residentes em áreas de baixa e alta renda e walkability de Curitiba/PR. A AF foi mensurada por acelerômetros posicionados no quadril, sendo considerado válido o uso por 5 ou mais dias/semana, com pelo menos 10 horas/dia. Considerou-se CS ≤99 counts/minuto, AFL 100-1.999 counts/minuto e AFMV ≥2000 counts/minuto. Analisou-se o tempo ao longo de toda semana e de maneira específica em dias úteis e finais de semana. A PS foi autorreportada pelo questionário Short Loneliness Scale e dicotomizada em baixa e alta PS (escore≥5). As associações foram testadas por regressão logística binária, ajustada para sexo, faixa etária, escolaridade e renda. RESULTADOS: Na amostra de 295 idosos (59,5% mulheres), com idade média de 69,7±7,1, observou-se uma proporção de 17,3% com alta PS. A média de CS foi de 9,29±18,3 horas/dia, 249,6±89,6 minutos/dia em AFL e 19,1±19,5 minutos/dia em AFMV. Na análise ajustada, a prática de AF não foi associada à PS. No entanto, maior tempo em CS somente durante os dias úteis foi associado a maior chance de alta PS (OR=1,23; IC95%=1,01-1,49). CONCLUSÃO: A prática de AFL e AFMV, avaliadas objetivamente, não foram associadas à PS em idosos. Contudo, maior CS nos dias úteis foi associado a maior chance de solidão.

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