Resumo

Atividade física (AF), comportamento sedentário (CS) e sono constituem comportamentos de movimento de 24 horas (CM24H) e são fatores modificáveis para diferentes condições de saúde. Acredita-se que os CM24H possam repercutir de maneira distinta na saúde mental da população, sobretudo no que se refere aos sintomas depressivos. OBJETIVO: Avaliar a associação entre CM24H e sintomas depressivos em universitários. MÉTODOS: Estudo transversal, descritivo e quantitativo, com 88 estudantes do projeto "Atividade física, comportamento sedentário e sono: comportamentos de movimento de 24 horas e indicadores de saúde em adultos", aprovado pelo comitê de ética da UESC (parecer 4.832.080). Os participantes responderam os questionários sociodemográfico e de saúde, Patient Health Questionnaire 9 (escore >10=risco aumentado para depressão), Sedentary Behavior Questionnaire, para avaliação subjetiva dos sintomas depressivos e CS de tela, respectivamente. Dados objetivos dos CM24H foram coletados por acelerômetros (ActiGraph wGT3X-BT), utilizados ao longo de sete dias. Para análise do sono, utilizou-se o algoritmo de Sadeh, enquanto os pontos de corte para atendimento às recomendações foram aqueles sugeridos pelo Canadian 24-hour Movement Guideline. Para a comparação de sintomas depressivos utilizouse o teste U de Mann-Whitney. A razão de prevalência (RP) foi estimada pela análise de regressão de Poisson com intervalo de confiança de 95%. Os fatores de confusão considerados foram idade, sexo, filhos, cônjuge, renda, IMC e diagnóstico de COVID-19. O nível de significância adotado foi 5% e o pacote estatístico utilizado foi o IBM SPSS versão 25. RESULTADOS: Os escores de sintomas depressivos não diferiram estatisticamente entre aqueles que atendiam e não atendiam às recomendações de CM24H (p>0,05). Também não foram observadas associações entre o atendimento às recomendações de AF RP=1,09 (0,87; 1,36; p=0,470); CS RP=0,99 (0,68; 1,44; p=0,958) e sono RP=1,16 (0,89; 1,51; p=0.278) com o risco aumentado para sintomas depressivos. Apenas o tempo total de sono RP=0,92 (0,86; 0,99; p=0,020) e a eficiência do sono RP=0,98 (0,97; 0,99; p=0,048) associaram-se com risco aumentado para sintomas depressivos no modelo ajustado. CONCLUSÃO: Não houve associação entre o atendimento às recomendações e sintomas depressivos, contudo a eficiência e o tempo total de sono foram associados à menor probabilidade de risco para sintomas depressivos nesta amostra.