Resumo

Os avanços tecnológicos e mudanças no estilo de vida tem influenciado no aumento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) que, por sua vez, acarretou na elevação das mortes relacionadas às DCNT em três vezes entre 1930 e 2006 (Malta et al., 2006). Em 2011, aproximadamente 72% das mortes foram relacionadas à estas doenças no Brasil (Schimidt et al., 2011). Da mesma maneira o gasto com essas doenças também tem aumentado, sendo que no Brasil cerca de R$11,6 bilhões (OMS, 2014) e R$ 1,1 bilhões (Dib; Riera; Ferraz, 2010) são gastos anualmente com diabetes mellitus (DM) e hipertensão arterial (HA), respectivamente. Assim, o objetivo do presente estudo foi verificar a associação entre comportamentos de risco à saúde e o gasto anual com DCNT no Sistema Único de Saúde (SUS) em adultos. Foram identificados os percentuais de pessoas que apresentam os comportamentos de risco como tabagismo (>20 cigarros/dia), inatividade física (<150min moderado ou <75min vigoroso de atividade física nos quatro domínios), excesso de peso (IMC >25 kg/m²), obesidade (IMC >30 kg/m²), consumo excessivo de álcool (>4 doses em uma mesma ocasião no último mês), tempo assistindo televisão (>3h/dia) através dos dados do Vigitel (2013). Para obtenção dos gastos com doenças do aparelho circulatório (DAC), doenças endócrinas e metabólicas (DEM), DM, HA e obesidade, foi utilizado o banco de dados do DATASUS das capitais brasileiras no período de janeiro à dezembro de 2013. Os valores dos gastos anuais foram divididos pelo tamanho da população da capital no ano de 2013, segundo o levantamento do IBGE. Para verificar associação foi realizada uma regressão linear múltipla entre os fatores de riscos e cada variável de gasto (Excel 2013, p<0,05). O gasto anual médio das doenças apresentadas no estudo foram: DAC (R$39,8 milhões), DEM (R$2,1 milhões); DM (R$1milhões); obesidade (R$623,2 mil); HA (R$525,1 mil). As capitais que apresentaram maior índice em consumo de álcool foram associadas positivamente com maiores gastos per capta com HA (c=0,06, p<0,05). Da mesma maneira, as que apresentaram maiores índices em consumo de álcool e excesso de peso apresentaram associação com gastos per capta em DM (c= 0,07 e c= 0,12 respectivamente) (p<0,05), sendo que maiores tempos assistindo TV foi associado com menores gastos com DM (c=-0,1). Já as capitais com maiores índices de fumo excessivo tiveram maiores gastos per capta com DAC (p<0,05, c=8,05). O gasto com obesidade e doenças endócrinas e metabólicas nesse período não apresentou associação com os comportamentos de risco. O consumo excessivo de álcool parece estar associado com maiores gastos anuais com HA e DM, enquanto que excesso de peso e fumo excessivo parece influenciar no gasto no SUS com DM e DAC respectivamente. Enquanto que o tempo assistindo TV teve relação inversa para DM. Políticas públicas que incentivem a promoção da saúde e diminuição destes comportamentos pode acarretar em menores gastos com DCNT no SUS.

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