Resumo

A função adrenal e o envelhecimento têm sido objeto de intenso interesse nas últimas décadas. O envelhecimento natural resulta em alterações sutis na secreção de cortisol. O incremento dos níveis séricos desse glicocorticoide com o avanço da idade é capaz de gerar inúmeros danos ao organismo e exacerbar a imunossenescência, no qual pode se estender aos sistemas endócrino e cardiovascular, destacando as alterações relacionadas ao controle autonômico cardíaco e a rigidez arterial. Essas mudanças vinculadas ao sistema cardiovascular e endócrino, podem ser prevenidas, ou quando já instaladas, otimizadas, para idosos praticantes de treinamento físico, que é um método de tratamento não medicamentoso que beneficia o funcionamento e a integração de todos os sistemas fisiológicos. O objetivo do presente estudo foi avaliar a associação entre níveis séricos de cortisol, modulação autonômica cardíaca e rigidez arterial em idosos praticantes de treinamento de força (TF). Cento e vinte voluntários de ambos os sexos foram alocados em 4 grupos (30 em cada grupo): meia idade sedentário (MISED) e treinado (MITRE) idade de 40 e 59 anos; idoso sedentário (IDSED) e treinado (IDTRE) idade igual ou superior a 60 anos. Parâmetros hemodinâmicos, análises lineares e não lineares da variabilidade da frequência cardíaca (VFC), velocidade de onda de pulso (VOP), índice de aumento (AIx) e resistência vascular total (RVT) e concentração de cortisol foram avaliados em condições basais. Maior bradicardia de repouso foi observada em ambos os grupos treinados quando comparados aos seus respectivos grupos sedentários (p<0,05). O grupo IDSED apresentou maior FC de repouso do que MITRE (p<0,01). Os IDSED obteram elevados valores de pressão arterial sistólica (PAS), média (PAM), pressão de pulso (PP), VOP, AIx e RVT quando comparados aos outros grupos (p<0,05). Ao analizarmos a VFC observamos que ambos os grupos treiandos apresentaram maior modulação vagal e reduzida modulação simpática cardíaca quando confrontados aos seus respectivos grupos sedentários (p<0,05). Observou-se também que os IDSED evidenciam maior atividade simpática e menor atividade vagal do que ambos os grupos de indivíduos de meia idade (p<0,05). As concentrações séricas de cortisol foram significativamente menores nos grupos MI e ID treinados em comparação com os grupos MI e ID sedentários (p<0,05). Nessa mesma vertente, os IDSED obteram maiores concentrações de cortisol em relação aos demais grupos (p<0,05). Notou-se uma correlação significativa e negativa entre os níveis séricos de cortisol e a modulção parassimpática (r=-0,411; p<0,001) e uma correlação significativa e positiva entre os níveis séricos de cortisol e a modulção simpática cardíaca (r=0,393; p<0,001). Em relação a rigidez arteial, também se constatou uma correlação significativa e positiva entre as concentrações de cortisol com a VOP (r=0,359; p<0,001) e a RVT (r=0,389; p<0,001). Nossos dados nos permitem concluir que o treinamento de força realizado por idosos e indivíduos de meia idade reduz a concentração de cortisol, e essa redução possui correlação com melhores índices da VFC e rigidez arterial.

O trabalho não possui divulgação autorizada

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