Associação entre dor musculoesquelética e multimorbidade: explorando o papel da atividade física e da qualidade do sono
Por Jamile Sanches Codogno (Autor), Rômulo Araújo Fernandes (Autor), Henrique Luiz Monteiro (Autor), Italo Lemes (Autor), Juliana Picchi Kappaum (Autor).
Em 47º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
Pacientes com condições musculoesqueléticas têm maior chance de apresentarem comorbidades associadas, como doenças cardiovasculares. A influência de fatores comportamentais nessa associação, como nível de atividade física e qualidade do sono, ainda é pouco investigada. Objetivo: Este estudo tem como objetivo investigar o papel da atividade física e da qualidade do sono na associação entre dor musculoesquelética e multimorbidade em pacientes da atenção primária. Métodos: Análise transversal envolvendo pacientes da atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS), da cidade de Bauru, São Paulo. A dor musculoesquelética foi identificada pela presença de dor lombar crônica ou osteoartrite. O nível de atividade física foi avaliado pelo questionário de Baecke e a qualidade de sono pelo Mini-Sleep Questionnaire. A presença de multimorbidade foi definida pela coexistência de duas ou mais doenças crônicas, excluindo-se queixas musculoesqueléticas. A associação entre dor musculoesquelética e presença de multimorbidade foi estimada por meio da regressão logística binária, gerando valores de odds ratio (OR) e seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%). O nível de significância adotado foi de 5%, e o as análises foram realizadas no software SPSS. Resultados: Um total de 557 participantes foram incluídos, com média de idade de 70,0 ± 8,4 anos, e prevalência de multimorbidade de 75,2% (n = 419). No modelo ajustado por idade, sexo, índice de massa corporal e status socioeconômico, os participantes com dor musculoesquelética apresentaram 1,8 vezes mais chance de possuir multimorbidade (OR: 1,79 [IC95%: 1,14 – 2,80]) em comparação aos participantes sem dor musculoesquelética. A inserção da atividade física no modelo não alterou essa associação (OR: 1,75 [IC 95%: 1,12 – 2,76]). Contudo, no modelo em que há adição da qualidade do sono, a associação entre dor musculoesquelética e presença de multimorbidade deixou de ser significativa (OR: 1,56 [IC 95%: 0, 98 - 2,48]). Conclusão: O nível de atividade física teve pouca influência na associação entre dor musculoesquelética e multimorbidade. Por outro lado, a qualidade do sono parece atenuar essa associação.