Resumo

O objetivo do estudo foi analisar a associação entre fatores precoces e diferentes indicadores de atividade física em crianças de 5 a 7 anos de idade. Os estudos realizados para desenvolvimento desta dissertação foram baseados na análise dos dados do levantamento realizado, em 2012, com crianças (5 a 7 anos), de escolas públicas e privadas de educação infantil da Cidade do Recife, Pernambuco. A coleta de dados foi realizada mediante utilização de um questionário administrado na forma de entrevista individual com o pai/mãe das crianças e o uso de monitoramento direto das atividades físicas por meio da acelerometria. O instrumento foi previamente testado quanto à consistência de medidas e aplicabilidade (tempo de aplicação e compreensão das perguntas). As variáveis independentes foram os seguintes: peso ao nascer, nascimento pré-termo, tempo de amamentação exclusiva ao seio, ordem de nascimento e peso ao nascer. No primeiro estudo foram focalizadas variáveis dependentes que expressam a conduta das crianças em relação às atividades físicas e cuja medida foi derivada do relato dos pais: tempo despendido em jogos e brincadeiras ao ar livre, participação e frequência semanal em atividades físicas estruturadas e deslocamento ativo para escola. No segundo estudo foram definidos como desfechos medidas derivados da acelerometria (tempo em atividades físicas de intensidade moderada, em atividades físicas de intensidade vigorosa e em atividades físicas de intensidade moderada a vigorosa). Neste, as crianças foram monitoradas durante 7 dias por acelerômetros fixados à direita do quadril com auxílio de uma cinta elástica. Os dispositivos foram configurados com Epochs de 15 segundos e a redução dos dados foi realizada no programa actlife empregando os seguintes critérios: 10 horas por dia e 30 minutos de 0 consecutivos e 3 ou mais dias de monitoramento, incluindo 1 dia de final de semana para os dados serem considerados válidos. A tabulação dos dados foi efetuada no programa EpiData (versão 3.1), enquanto as análises estatísticas foram realizadas mediante utilização do programa SPSS (versão 16). Para a análise dos dados foram realizados procedimentos descritivos (médias e desvios-padrão, distribuição em frequências e intervalos de confiança), análises bivariáveis (Qui-quadrado de Pearson, Qui-quadrado para tendência e teste U de Mann-Whitney) e multivariáveis (regressão logística binária). Do total de crianças (n=784) que participaram do estudo, 51,4% eram do sexo masculino e 48,3% tinham sete anos de idade. Para o primeiro estudo, os resultados apresentaram que 27,3% das crianças foram classificadas com baixo nível de participação em jogos e brincadeiras ao ar livre, e 76,7% não participavam de atividades físicas estruturadas. Em relação aos fatores precoces, identificou-se que 50,3% das crianças nasceram com peso normal e 86,2% não nasceram pré-termo. Verificou-se que as mães que relataram trabalhar durante a gestação e que amamentaram por > 6 meses tinham 72% menor chance das crianças apresentarem baixo nível de participação em jogos e brincadeiras ao ar livre quando comparada as mães, cujas crianças foram amamentadas por ≤ 6 meses. Observou-se que as crianças que não tinham excesso de peso e eram classificadas como o 40 filho ou superior apresentavam 55% menor chance de se deslocarem inativamente para a escola quando comparadas aquelas que eram o primogênito. Além disso, verificou-se que as mães que relataram não trabalhar durante a gestação e que as crianças nasceram pré-termo tinham 3 vezes mais chances das crianças não participarem de atividades físicas estruturadas comparadas as crianças que nasceram a termo, no entanto não foi identificado a mesma interação para frequência inferior a três dias na semana (OR: 0,44; 0,27-0,71) nestas atividades. Com relação aos resultados do segundo estudo, 478 crianças foram monitoradas pelo acelerômetro, sendo 52,7% meninos; 45,4% com 7 anos de idade. Verificou-se que 39,1% das crianças foram classificadas com baixo nível de percentual diário em atividades físicas de intensidade moderada a vigorosa, o que diferiu significantemente entre meninos e meninas, apontando que meninos foram mais ativos que as meninas. Em relação aos fatores precoces, identificou-se que 80,4% das crianças nasceram com peso normal e 83,9% nasceram a termo. Nas análises inferenciais, identificou-se que as crianças que eram classificadas como o quarto filho ou superior apresentaram 83% menos chance de ter baixo percentual de tempo diário despendido em atividades físicas em intensidade moderada quando comparadas as que eram o filho primogênito (OR: 0,17; IC95%: 0,03-0,80, p=0,02). O presente estudo, de natureza exploratória indicou que fatores precoces estão associados aos indicadores de prática de atividade física em crianças. No entanto, ao considerar os dados da medida objetiva mediante acelerometria o fator precoce ordem de nascimento apresentou associação negativa com a atividade física intensidade moderada. Portanto, ressalta-se cautela ao interpretar os resultados desses diferentes estudos. 

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