Resumo

Introdução: A força muscular é um importante componente da aptidão física, exercendo papel fundamental para a saúde e qualidade de vida em idosos, sendo a prática de exercícios resistidos recomendados para o aumento da força muscular. Por outro lado, a redução da força muscular com o avanço da idade está relacionada com redução da capacidade funcional e maior risco de morte por todas as causas. Objetivo: Analisar o efeito do treinamento resistido sobre força muscular, composição corporal, capacidade funcional, qualidade muscular e biomarcadores sanguíneos em mulheres idosas não-treinadas com diferentes níveis de força muscular. Métodos: Noventa e nove mulheres (> 60 anos) fisicamente independentes foram submetidas a treinamento resistido (oito exercícios para membros inferiores, tronco e membros superiores), em três sessões semanais, durante 24 semanas. Medidas de força muscular (testes de 1-RM), capacidade funcional (bateria de testes motores), composição corporal (absortometria radiológica de dupla energia e impedância bioelétrica) e biomarcadores sanguíneos (glicose, triglicerídeos, colesterol total, LDL-c, HDL-c, proteína C-reativa) foram obtidas na linha de base e após 24 semanas de intervenção. A força muscular das participantes na linha de base foi categorizada em tercis (baixa, média e alta força) e os resultados encontrados foram comparados entre os três grupos. Resultados: Aumentos na força muscular (P < 0,05) foram encontrados nos três exercícios analisados (supino vertical = 32,8 - 41,8%; cadeira extensora = 22,1 - 33,3%; rosca scott = 13,6 – 17,6%), com diferenças entre os grupos somente para cadeira extensora (média > alta; P < 0,05). Ganhos estatisticamente significativos (P < 0,05) de massa muscular (3,4% a 5,6%), massa isenta de gordura e ossea de membros superiores (5,0% a 8,1%) e inferiores (2,3% a 4,3%) e melhoria da qualidade muscular (18,8% a 27,4%) foram encontrados em todos os grupos. Por outro lado, a massa isenta de gordura e osso de tronco só melhorou (P < 0,05) os grupos média e alta (2,2% e 2,3%; respectivamente). A velocidade de caminhada só melhorou no grupo alta (5,9%; P < 0,05), com diferenças entre os grupos (alta > média = baixa; P < 0,05). O desempenho no teste de levantar e sentar foi melhorado somente nos grupos baixa e média (15,3% e 11,4%; respectivamente), com diferenças estatisticamente significantes do grupo alta (P < 0,001). Aumentos significantes (P < 0,05) foram verificados para água corporal total (1,4% a 2,1%), água intracelular (1,9% a 2,3%) e ângulo de fase (2,6% a 3,7%) em todos os grupos. A concentração de triglicérides foi reduzida somente no grupo média (15,1%; P < 0,05) com diferenças estatisticamente significantes dos grupos baixa e alta (P < 0,05). Nenhuma alteração foi verificada nos demais parâmetros metabólicos, na pressão arterial e na relação cintura quadril (P > 0,05). Todos os grupos reduziram gordura relativa (P < 0,05) com o tamanho do efeito variando de 0,23 a 0,35. Por outro lado, somente o grupo média reduziu a gordura androide e de tronco (P < 0,05). Os resultados do presente estudo sugerem que o treinamento resistido pode melhorar a força muscular, capacidade funcional e composição corporal, independente dos níveis de força muscular, embora a magnitude das respostas adaptativas após 24 semanas de intervenção tenha sido menos pronunciada em mulheres idosas que apresentavam níveis iniciais de força mais reduzidos.

Acessar Arquivo