Resumo
O objetivo do presente estudo foi investigar a associação entre mediadores inflamatórios (MI), dislipidêmicos, índice de massa corporal (IMC) e nível de atividade física em crianças de 10 anos de idade. Foram avaliadas 94 crianças, distribuídas nos grupos eutróficas (n = 19 meninas; n = 17 meninos); com sobrepeso (n = 18 meninas; n = 16 meninos) e obesidade (n = 13 meninas; n = 11 meninos). Massa corporal (kg), estatura (cm) e dobras cutâneas (mm) foram mensuradas para cálculo do IMC e % de gordura, respectivamente. Amostras de sangue foram coletadas após jejum de 12 a 14 h para dosagem da glicemia, triglicerídeos, HDL-c e IL-6, TNF- α e CCL-2. O nível de atividade física foi calculado pela média de passos/dia em sete dias consecutivos mensurados por pedômetro. A normalidade dos dados foi checada pelo teste Shapiro-Wilk e ANOVA one way com post-hoc de Tukey para comparações múltiplas entre grupos. Associações entre marcadores inflamatórios, IMC e nível de atividade física foram testadas pela correlação de Pearson. O intervalo de confiança (IC) foi de 95% e nível de significância α ≤ 5%. IL-6, TNF- α e CCL-2 apresentaram correlação negativa moderada com HDL-c log (r = - 0,486, r = - 0,470, r = - 0,428; p < 0,05, respectivamente) e correlação positiva moderada com triglicerídeos-log (r = 0,568, r = 0,543, r = 0,530; p < 0,05, respectivamente), IMC-log (r = 0,686, r = 0,662, r = 0,608; p < 0,05, respectivamente) e % de gordura (r = 0,620, r = 0,593, r = 0,592; p < 0,05, respectivamente). Os MI não apresentaram correlação com o número de passos/dia (IL-6, r = 0,084; TNF- α, r = 0,090; CCL-2, r = 0,086; p > 0,05). IL-6, TNF– α, CCL-2 e triglicerídeos-log foram maiores (p < 0,05) entre crianças obesas em relação às eutróficas, mas não em relação aquelas com sobrepeso (p > 0,05). HDL-c log foi maior entre crianças eutróficas em relação aquelas com sobrepeso e obesidade (45,5 mg/dL vs. 40 mg/dL vs. 36 mg/dL, p < 0,05, respectivamente). A classificação do IMC parece não interferir o nível de atividade física, mas sobrepeso e obesidade desencadeiam respostas inflamatórias de crianças de 10 anos de idade e sinaliza o desenvolvimento de doenças cardiovasculares como diabetes, aterosclerose, hipertensão arterial sistêmica e infarto agudo do miocárdio.