Resumo
introdução: A lesão medular (LM) é uma condição grave, que gera grandes repercussões biopsicossociais ao indivíduo e o predispõe a desenvolver um estilo de vida pouco ativo, que por sua vez está associado a um risco aumentado de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). Nesse contexto, a prática de atividade física (AF) pode ser fator determinante para a diminuição do risco de desenvolvimento destas doenças. Objetivo: Avaliar a associação entre o nível de AF e prevalência de DCNTs em indivíduos com LM oriundos das regiões norte e nordeste do Brasil. Métodos: Estudo transversal, avaliando 110 indivíduos adultos (média de idade de 33,8 ± 9,8 anos; 90% homens e 10% mulheres) com lesão medular atendidos em um centro de referência para reabilitação e tratamento das sequelas advindas desta condição. Foram realizadas avaliações clínicas e exames laboratoriais para estabelecimento do diagnóstico, nível de lesão e definição diagnóstica das DCNTs (diabetes, dislipidemia e hipertensão), avaliação do nível de AF através do questionário IPAQ- Versão Curta e a avaliação antropométrica através da circunferência abdominal (CA). Na análise estatística, foi realizada a análise descritiva das variáveis e o modelo de regressão logístico múltiplo foi utilizado para verificar as associações entre variáveis clínicas, nível de AF e valores de CA. Resultados: Os resultados mostraram uma associação entre ter maior CA com a presença de dislipidemia (OR: 3,18). Evidenciaram também que ser fisicamente ativo aumentou a chance de não ter dislipidemia (OR: 6,57) e diminuiu a chance de ter CA maior igual ou maior que 94 cm (OR:8,45). Da mesma maneira, mostraram que a inatividade física está associada com um risco maior de ter alguma DCNT (RP: 3,8). Conclusão: Diante dos resultados encontrados, conclui-se que na população estudada a inatividade física está associada com DCNTs e que a AF está associada com a ausência de dislipidemia e de obesidade abdominal, sendo assim um potencial elemento com combate e tratamento destas patologias. Estratégias para promoção da atividade física e redução do peso corporal por meio de mudanças nos hábitos de vida devem fazer parte das políticas e programas de saúde pública e de potenciais parcerias entre os setores público/privados, especialmente para indivíduos com LM.