Resumo
A hipertensão arterial é considerada fator de risco para doenças cardiovasculares em adultos, crianças e adolescentes. Mesmo sendo evidenciada a importância de ter uma vida fisicamente ativa e de combater à obesidade para um maior controle da pressão arterial, nos últimos anos, tem-se observado, entre crianças e adolescentes, um maior apreço por comportamentos sedentários, que se revelam como atividades de baixo gasto energético. Estudos envolvendo adultos têm mostrado associação entre tais comportamentos e o aumento da pressão arterial. Todavia, esta associação, em relação a adolescentes e determinados comportamentos, ainda permanece pouco conhecida. Objetivo: Analisar a associação entre os comportamentos sedentários e a pressão arterial de adolescentes após o ajuste pelo nível de atividade física e sobrepeso. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal cuja amostra foi constituída de 6.264 estudantes do ensino médio (14-19 anos), selecionados através de amostragem por conglomerados em dois estágios. A pressão arterial foi medida através da utilização de equipamentos automáticos, sendo considerada elevada quando os valores pressóricos estivessem iguais ou acima do percentil 95. Foram medidos o peso e a estatura e, através do questionário ?Global School-based Student Health Survey? foram coletados os dados referentes aos comportamentos sedentários e ao nível de atividade física. Os comportamentos sedentários analisados foram: tempo de exposição ao computador e/ou videogame, tempo de TV, tempo sentado (excluindo o tempo de tela) e o tempo sentado total. Os dados foram categorizados em menos de duas horas, entre duas e quatro horas e quatro horas ou mais de exposição. Em relação ao nível de atividade física foram considerados fisicamente ativos aqueles que relataram participar de, pelo menos, 60 minutos por dia de atividades físicas moderadas a vigorosas, durante cinco ou mais dias por semana. O sobrepeso foi obtido pelo índice de massa corporal, estratificando os estudantes em eutróficos, sobrepesos ou obesos. As análises foram realizadas através do teste de Qui-quadrado e de regressão logística binária. Resultados: A prevalência de pressão arterial elevada foi 7,3%, sendo maior entre os rapazes 10,4% do que entre as moças 5,2% (p<0,05). Foram verificadas prevalências 13,2%, 9,6%, 14,7% e 68,6% para o tempo de TV, tempo de computador e/ou videogame, tempo sentado (excluindo o tempo de tela) e tempo sentado total respectivamente. Os rapazes passavam mais tempo expostos ao computador e/ou videogame e ao tempo sentado total enquanto que as moças apresentaram um maior tempo de exposição à TV e ao tempo sentado (excluindo o tempo de tela) (p<0,05). Após os ajustes pelo nível de atividade física e sobrepeso, o tempo de TV foi o único comportamento, dentre os analisados, que mostrou associação significante com a pressão arterial elevada, e apenas entre os rapazes. Os adolescentes do sexo masculino que assistiam à TV entre 2 e 4 horas e 4 horas ou mais, possuíam, respectivamente, 1,56 e 2,27 mais chances de apresentarem pressão arterial elevada (p<0,05). Não foram observadas associações significantes entre os comportamentos sedentários e a pressão arterial elevada entre as moças. Conclusão: Em Adolescentes do sexo masculino o tempo de exposição à TV está associado com a pressão arterial elevada independentemente do nível de atividade física e sobrepeso.