Resumo

A aptidão cardiorrespiratória (ACR) está associada a redução da mortalidade por diversas causas. Entretanto, os níveis de ACR podem variar amplamente entre indivíduos em resposta ao treinamento (responsividade), cujos mecanismos moleculares envolvidos em diferentes programas de treinamento e em contexto de avaliações não invasivas, ainda permanecem não elucidados. OBJETIVO: Investigar a associação dos níveis metabólicos basais na saliva (pré-treinamento) com a responsividade da ACR, frente aos programas de treinamento aeróbio contínuo (TAC) e treinamento intervalado de alta-intensidade (HIIT). MÉTODOS: Sessenta e um homens sedentários (23±3 anos) foram alocados randomicamente a 3 grupos, para 8 semanas de intervenção: TAC [40 min a 75% da frequência cardíaca (FC) de reserva (FCr), 3-4x/sem], HIIT [40 min (5 séries de 4 min a 90% da FCr:3 min a 60% da FCr), 3-4x/sem] e Controle. Os participantes foram submetidos à coleta de saliva em jejum (12h). A ACR foi determinada pela máxima potência produzida (MPP) em progressivo até a exaustão. Amostras de saliva foram analisadas por espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear, sendo caracterizados e quantificados 43 metabólitos. A associação entre os níveis metabólicos basais na saliva e a responsividade da ACR foi explorada via: (I) correlações entre níveis metabólicos basais e mudanças na MPP (ΔMPP); (II) contribuição de metabólitos em vias significativas associadas às ΔMPP; e (III) análise de regressão linear múltipla para determinação da contribuição dos diferentes programas de treinamento e níveis metabólicos na saliva sobre as ΔMPP. RESULTADOS: Os níveis de ACR foram correlacionados negativamente (-0,35≤r≤-0,22, P<0,05) aos níveis na saliva de leucina, glutamina, carnitina, o-fosfocolina, fenilalanina, 4-hidroxifenilacetato, valina e isoleucina, porém positivamente aos níveis de acetona e acetoína (0,32≤r≤0,40, P<0,05). A via metabólica mais enriquecida por estes metabólitos foi a degradação de valina, leucina e isoleucina. A variância nas mudanças da MPP foi explicada: pelos efeitos dos programas TAC (49.1%, β=1,0, P<0,001) e HIIT (9.6%, β=0.96, P<0,001), e pelos níveis basais na saliva de glutamina (3.7%, β=-0.20, P<0,017) e acetona (3.5%, β=0.19, P<0,019). CONCLUSÃO: A responsividade da ACR foi associada principalmente aos efeitos do programa TAC e aos níveis basais na saliva de metabólitos indicativos do metabolismo de degradação de aminoácidos de cadeia ramificada.

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