Resumo
A Síndrome Metabólica (SM) é associada à alta incidência e morte por doenças cardiovasculares, principalmente em indivíduos com idade a partir dos 50 anos. A prática da atividade física pode trazer efeitos positivos na prevenção da SM. O presente estudo investigou a associação entre o nível habitual de atividade física e fatores de risco para SM em indivíduos com 50 anos de idade ou mais, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Aplicou-se o Questionário de Baecke Modificado (QBM) para quantificar o nível de atividade física em uma amostra de 225 indivíduos portadores de fatores de risco para SM. Massa corporal, estatura e circunferência abdominal foram aferidas no ato da consulta, enquanto os dados bioquímicos e pressão arterial foram extraídos dos prontuários dos pacientes. Foram classificados como portadores de SM os indivíduos que apresentaram três ou mais fatores de risco, segundo o critério do ATP III. Os dados foram agrupados em tercis de acordo com as pontuações obtidas para os escores de atividades no domicílio (EAD) e total (EAT) e “sim” ou “não” para pontuações no lazer (EAL). Os valores antropométricos foram maiores nos indivíduos com SM. Para o grupo compresença de SM, os valores de triglicerídeos (TG) e de glicemia foram maiores e os de HDL menores. Os níveis tensionais mostraram-se semelhantes entre os grupos. O diabetes (DM), hipertensão arterial (HA) e dislipidemia tiveram percentuais maiores no grupo com SM (p < 0.001). Quanto à prática de atividade física, os valores EAL e EAT revelaram-se maiores no grupo sem SM. Houve diferença entre os grupos que tiveram ou não pontuação em EAL para colesterol total, TG e cardiopatia (p < 0.01). O EAD não se revelou discriminante da presença de SM, seja pela comparação entre valores absolutos ou agrupados por tercis da atividade física nos diferentes domínios do QBM. A associação entre os escores da atividade física e presença de SM foi feita através de regressão logística univariada e multivariada ajustada pela idade, condição clínica e tabagismo, considerando a atividade física em sua forma categórica. Foram observadas 2.5 vezes mais razões de chances de SM (IC 95% 1.22 – 5.34) em indivíduos não praticantes de atividade física de lazer. Em conclusão, as atividades físicas praticadas no domicílio parecem não ter volume e intensidade suficientes para prevenir fatores de risco para a SM em indivíduos com mais de 50 anos de idade. Atividades com maior volume e intensidade, praticadas no lazer e no desporto, devem ser estimuladas nessa população.