Resumo

Níveis adequados de coordenação motora estão associados a um bom desempenho das tarefas motoras e esportivas. A família, como agente primordial, conduz a criança a experimentações do ambiente que disponibilizam e promovem situações para o desenvolvimento da coordenação motora. Contudo, não está claro, ainda, quais preditores a nível do ambiente familiar estão associados à coordenação motora. O objetivo deste estudo foi investigar a magnitude das associações entre os níveis de coordenação motora grossa de crianças e variáveis a nível do indivíduo e do ambiente familiar. Caracteriza-se como um estudo observacional de associação de base escolar com delineamento transversal. A amostra foi constituída por 2.040 crianças de seis a 10 anos de idade, estudantes do 1º ao 5º ano do ensino fundamental de 25 escolas públicas municipais de São José dos Pinhais, sendo 20 da área urbana e cinco da área rural. As características a nível do indivíduo foram avaliadas, sendo variáveis demográficas (sexo e idade), crescimento físico (estatura, peso e IMC), e para avaliar a aptidão física cinco testes foram aplicados (salto horizontal, dinamometria manual, corrida vai-vém, corrida de 20 metros e corrida de seis minutos). A coordenação motora grossa foi avaliada por meio da bateria de testes KTK. O ambiente familiar foi avaliado por meio de questionário elaborado contendo perguntas sobre aspectos sociais, estruturais e contexto de atividade física. Para testar associação entre as variáveis do indivíduo (sexo, idade, IMC e aptidão física) e as variáveis a nível do ambiente familiar foi realizada uma regressão linear multinível. Todas as variáveis a nível do indivíduo foram associadas à coordenação motora grossa. Meninos (β= 4,056 ± 1,149 p<0,001), crianças mais velhas (β= 19,804 ± 0,422, p<0,001), mais aptas (β= 6,159 ± 0,186, p<0,001) e com menores valores de IMC (β= -2,728 ± 0,184, p<0,001), tiveram maiores valores de coordenação motora grossa. A nível do ambiente familiar, destaca-se que crianças que a área ampla externa da residência (β=<0,001 ± 0,000, p<0,001), e também a disponibilidade de brinquedos para se pendurar foram associados positivamente ao desempenho coordenativo (β= 3,949 ± 2,075, p<0,05). Os achados confirmam que as variáveis a nível do indivíduo estão associadas à coordenação motora grossa. Ademais, sugerem que variáveis do ambiente familiar também desempenham um importante papel. Estes resultados podem ajudar na elaboração de estratégias entre família, escola e setor público para promover as recomendações de um ambiente saudável e positivo ao desenvolvimento dos níveis de coordenação motora grossa, por meio de oferta de atividades variadas, espaços organizados para jogos e brincadeiras, com o suporte da família.

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